AOS MAIORES DE 40 ANOS

Todos quantos me conhecem desde a minha infância e adolescencia sabem o quanto amo a prática de esporte, principalmente, esportes que requeiram força bruta e músculos avantajados. Todos diziam que eu seria professor de educação física. Hoje alguns dizem que eu deveria ter sido.

Recordo-me que na minha pré-adolescência, quando morava na travessa Quintino Bocaiuva, entre Manoel Barata e 28 de setembro, tínhamos uma casa com porão. Lá nós guardávamos alguns objetos que não tinham mais tanta utilidade. Lá também guardávamos alguns bujões de gás, uns 6 bujões, aproximadamente.

Esses bujões eram os meus melhores amigos ali no porão. Era com eles que me exercitava. Fazia supino, para exercitar os músculos do peito; rosca direta, para os músculos do braço; flexão de braço, apoiado sobre quatro deles; agachamento, para os múculos das pernas. Nossa! Como eu amava fazer flexão de braços e abdominais. Achava o máximo chegar na Colégio Benjamim Constant e ganhar as disputas feitas no pátio, na hora do recreio, para depois ir tomar o lanche oferecido pela Colégio: o tão falado e conhecido LEITE PEIDÃO, acompanhado com bolacha Maria. Era uma delícia!!! Também achava o máximo disputar flexão de braços com o Agildo, meu amigo de infância.

Gostava de lutas. Kung fu era a primeira da lista, o boxe era a segunda. Era apaixonado pela série de televisão, que passava na Globo, não sei se às segundas-feiras ou aos domingos, intitulada Faixa-Preta. Sempre após os filmes, já tinha um encontro marcado com alguns amigos, para um duelo. Lá nós imitávamos os nosso ídolos. Bruce Lee era um deles. Ou melhor, só era ele. Viajámos na moinese. Coisas que só a minha geração entende.

Quando completei 17 anos, matriculei-me pela primeira vez em uma academia de musculação: a Academia Força e Saúde. Ficava próximo a nossa antiga casa da Quintino. Digo ficava, pois nessa época já morávamos na travessa Dom Romualdo de Seixas, entre Pedro Alvares Cabral e Municipalidade. Nessa academia fiz muitas amizades, inclusive com o já falecido Paulo, o dono do estabelecimento. Ele já me conhecia desde menino. Um cara fora de série.

Aos vinte e um anos de idade, casei-me. A prática esportiva foi declinado aos poucos até eu parar por aproximadamente uns 10 anos. Fiquei só o Raio-X, rsrsrssrs. Não é exagero, não.

Mas mesmo ao passar tanto tempo sem fazer absolutamente nenhum esporte, o meu coração continuava apaixonado por ele. Os meus devaneios sempe me levavam ao tempo das academias, ao porão lá de casa, as disputas de força no colégio e na rua onde morava.

Finalmente consegui forças e tempo para voltar as minhas atividade físicas. Mas o passar do tempo pesa sobre nós, meros humanos e mortais que somos. O corpo já não é mais o mesmo. A mente até pode ser ainda a mesma, porém já não tem mais completo domínio sobre o corpo. As articulações deslubrificadas e gastas lutam para conseguir fazer os movimentos ordenados pelo sistema nervoso central. Os tendões já endurecidos e sem elasticidade não conseguem mais percorrer a mesma distância de outrora. E o que falar da barriga. Ela já se acha mais importante, pois sempre quer chegar primeiro que as outras partes do corpo. Essa arrogância dela já se torna um estorvo, pois vive encrencando com a coluna vertebral, puxando-a para frente; quer nos impedir de sentarmos “à la vonté”; increspa quando vamos amarrar os cadarços dos sapatos...

Já se passaram quase 45 anos e eu aindo quero fazer coisas de menino. Acho que é a minha mente tentando ludibriar o tempo e o corpo. Achei que nunca fosse chegar a idade do “condor”. Com dor aqui, com dor ali. Mas tudo isso é a vaidade. Isso mesmo a “VAI IDADE”. A idade está indo e com ela está indo o vigor da juventude, a força física, o vigor mental. A idade pode até levar tudo isso, mas ela traz e deixa com a gente o amor ao próximo, a paciência, a tolerância, o discernimento e sem falar das ótimas lembranças e recordações.

Hoje para completar o desgaste do corpo humano, descubro que a minha coluna já não é a mesma e até um tal de músculo piriforme achou de se rebelar e comprimir o nervo ciático. Vê se pode! Não quero acreditar que terei de parar mais uma vez a prática esportiva.

Bom! Mas nesse tempo de vida que o meu bondoso Deus me tem dado, e se já morresse hoje, poderia dizer que VENI, VIDI, VICI. Tudo isso porque amei a um só Deus, a uma só mulher, a meus filhos, a minha mãe, a meus irmãos, a meus amigos, ao meu próximo e a vida.

Tenho a certeza, no entanto, que não agradei a todos, haja vista ser uma tarefa impossível.

Havia uma música de um comercial do antigo Banco Bamerindus, em que o seus versos diziam o seguinte: “ o tempo passa, o tempo voa, e só a poupança Bamerindus continua numa boa”. Farei uma pequena revisão nesses versos, para concluir os meus pensamentos. “ o tempo passa, o tempo voa, E NEM a poupança Bamerindus continua numa boa”. Os maiores de 40 anos entendem do que estou falando.

Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 04/07/2013
Código do texto: T4371513
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