NOSSO ENGANO
 
Temos orgulho da nossa profissão. Pai e mãe faziam o mesmo. Ateliê sofisticado, gostamos de atender pessoalmente o freguês. Com isto, podemos ter ideia mais aproximada do que deseja.
Vimos o casal entrando. Sorrimos. Não é para nós, pensamos. Vestem-se mal, são simplórios, as mãos mal cuidadas. Temos um olho clínico. Nosso recinto parece deslocá-los. Pedem roupas de gala, para o baile do melhor clube da cidade. Examinamos mais uma vez as figuras. Decididamente, devem estar enganados. Ou fazem pilhérias conosco. Mas não deixamos assim.
Vamos descartando. Temos muito trabalho. Sabem como é. O baile, muitos fregueses. Todo mundo tem pressa. Quem sabe procuram outra profissional. Olham-se, surpresos. Tentam argumentar. Mas não deixamos, ora essa. Vamos encaminhando-os para a porta, rapidamente. Saem.
Não perdemos tempo com gente assim.
Dia do baile. A televisão mostrando. Nós aturdidas. O casal em destaque, vestido a rigor. São os novos milionários da cidade.



 







MADAGLOR DE OLIVEIRA
Enviado por MADAGLOR DE OLIVEIRA em 05/07/2013
Reeditado em 11/07/2013
Código do texto: T4373435
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