UM SER ANIQUILADO

Ontem, o dia foi de muito vento e este não se preocupou em manter a brandura. Árvores desabaram, telhados frágeis literalmente levados pelo ar, trânsito sem fluidez nas ruas que não se encontram desertas.

Mas nada que se compare à tormenta que ameaça fazer jogar ao chão, meu interior. Nele, as nuvens passam de um cinza plúmbeo ao negro, e a chuva não vem em pingos mas em jato denso, aniquilante. Literalmente, a meteorologia vai me despedaçando.

Para além da janela, o cenário vai se fazendo claro, as lufadas se tornam sopros de brisa leve e a vida retoma seu curso rotineiro.
Cá em mim, o furacão ruge e vai levando meus restos. Pudera! ELA me deixou.

VOLTA, se ainda me queres! Volta, se, ainda que não me querendo, queiras poupar-te da visão de um ser irremediavelmente aniquilado, já mutilado em face de tua ausência.
Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 06/07/2013
Reeditado em 17/08/2016
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