"VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER"


Sucesso musical ocorre por vários motivos. Pela popularidade nem sempre aliada à qualidade, por algum refrão apelativo, pelo inusitado que se evidencia no conteúdo ou na forma, pelo marketing a mantê-lo no rádio ou na TV. Basicamente, são estes os motivos da popularidade e do sucesso. Popularidade e sucesso assemelham-se, são afins; mas quase sempre são passageiros. E vale dizer: são bons enquanto duram. Se permanecerem é porque há qualidade contrariando aquela máxima: “O que é bom dura pouco”, pois o que agrada pela qualidade se eterniza.
 
Os sucessos musicais apontam exemplos unânimes, controversos, antológicos, bizarros, emblemáticos, gloriosos ou chatos; mas cada qual com o grau de importância ao seu tempo ou perenidade. No caso da música popular brasileira, o sucesso e a fama se misturam, vivem e sobrevivem ao que lhes afere o gosto. Cafona, brega, chique, seja lá o que for, quem vai indicar durabilidade e dar certificado de garantia é a qualidade indelével ao tempo. Asa Branca, Aquarela do Brasil, Garota de Ipanema, Carinhoso e Eu sei que vou te amar estão na transversal do tempo.

Mas o sucesso imediato e efêmero por parte do seu criador pode se notabilizar por conta de outro intérprete. E se a versão original for rotulada como brega, deixa de ser quando gravada por um intérprete classe “a” que lhe dá “nova roupagem”.

Quando Fernando Mendes gravou “Você não me ensinou a te esquecer”, a crítica o considerou brega e descartável. Caetano Veloso interpretou esse sucesso acompanhado de sofisticado arranjo com violoncelo e baixo. Ficou a fina estampa do brega que virou trilha sonora de filme.

Caetano, purista nas próprias letras, nem ligou para a duplicidade de tratamento contida a partir do título. Tu e você “caem bem” numa letra melosa que ele atransformou em lírica. Lírica-morosa, irresistivelmente apaixonante, com tudo que se tem a dizer à pessoa amada.

Mas a melhor versão, isto é, a melhor gravação e interpretação dessa música, a meu ver, ficam por conta da dupla Bruno & Marrone. Eles deram um tom ainda mais trágico e belo à melodia. A voz aguda e quase estridente de Bruno superou a monotonia de Caetano. O arranjo aprimorado no ritmo mais cadenciado e dançante entre o bolero e o tango, com belíssimo solo de bandoneón. Não sou fã da dupla, mas para essa gravação (ao vivo, diga-se) dou dez. Você não me ensinou a te esquecer, diz o sucesso que não foi passageiro, pois há de ficar.
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Ouvir>
http://www.youtube.com/watch?v=uavgmjgXYOs
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 09/07/2013
Reeditado em 10/07/2013
Código do texto: T4379516
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