INVERSÃO DE VALORES

“Antes, a questão era descobrir se a vida precisava ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado”.

(Albert Camus)

Tempos atrás, quando a inflação era galopante e o crédito bancário restrito. Meu tio, um funcionário do Banco do Brasil, tinha a função de verificar por meio de investigação, a possibilidade de um eventual cliente contrair um empréstimo.

Além da análise da ficha cadastral, ele obtinha informações de pessoas que conhecia o candidato e a partir daí, emitia seu parecer. Assim, ele saía atrás de informações sobre os pretensos tomadores de dinheiro dessa poderosa instituição financeira de nosso país. Obviamente, as informações colhidas eram buscadas entre terceiros que conheciam os pretendentes.

Contou-me ele, certa feita, ter visitado uma pessoa para colher informações de dois indivíduos, ambos residentes do mesmo bairro do referido informante. O primeiro um sapateiro e o segundo, dono de um motel.

Conforme informação desse senhor, meu tio ficou sabendo, que o primeiro era um excelente sapateiro e ótimo pai de família. No entanto, para o informante, não era um bom cliente, visto viver em dificuldades, dado a pequena produção de sua sapataria. O dinheiro pretendido era justamente para comprar uma máquina de costurar e com ela aumentar a produção.

Já o segundo, potencialmente, aos olhos do informante, era um ótimo cliente, pois tinha muitos bens. Fruto da compra de imóveis de pessoas endividadas por baixo preço e revenda bem acima do preço real, resultando em grande lucratividade. O dinheiro pretendido seria para ampliar o motel de sua propriedade, que era dedicado ao meretrício.

O pensamento do informante coincidia com os interesses do Banco. Que na ocasião, vislumbrava somente lucratividade e garantia de ressarcimento do capital investido. A ética era irrelevante. Uma lógica perversa que durante muito tempo prevaleceu e ainda teima em prevalecer nas transações financeiras. Infelizmente, o empréstimo saiu para o segundo pretendente...

Mais uma vez, como outras tantas, o mal aparentemente venceu o bem. Entretanto, tudo na natureza tende ao equilíbrio e a espécie humana não foge a regra. Mais cedo ou mais tarde a justiça será feita.Assim, pessoas de bem, pela sua própria condição terão o sucesso merecido. Já os desonestos e malfeitores não encontrarão a felicidade.

Finalmente, é bom lembrar à admoestação precisa da autora Taylor Caldwell: “Qualquer um que viva as custas dos outros e progrida graças ao trabalho alheio, não merece ser chamado de homem. É um parasita e faz mais mal a si próprio do que à sua vítima”. Todavia, ainda existem seres que enxergam além da aparência e valorizam a essência humana. Esses norteiam suas vidas na busca do engrandecimento do SER, acima do TER, nunca o contrário.

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 10/07/2013
Reeditado em 10/07/2013
Código do texto: T4379925
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.