Riso (para Adriana, com admiração)

"Iluminar para sempre

Iluminar tudo

Até os últimos dias da eternidade"

(Maiakovski)

Houve um sorriso, isso é certo. Ele reverbera, ainda, nas paredes, tem ressonâncias no ar, gravou-se no fundo da minha retina, tanto que em qualquer lugar onde eu esteja, ele brilha como uma estrela ou como farol.

Você é bela quando sorri, dentes alvos, boca em formato atraente, que abre-se sutilmente assim como o meu coração para acolher sua alegria.

Desse alegrar-se origina uma vontade minha de não ir embora, algo que talvez não signifique paixão mas um aprisionamento voluntário ao seu olhar meigo, de uma meiguice que não experimentava a tempos, estava desabituado, um imã que arrasta sempre meus olhos.

Seu corpo belo, delgado, porte elegante, enche-me de desejos que

oscilam entre os mais devassos e os mais castos, entre uma tênue

vontade de ação e a contemplação que satisfaz minh'alma e o seu riso, ah! seu riso! , impertinentemente tomo-o para mim, é meu, numa ação do meu olhar que me enche de contentamento.

Por isso peço à você para que nunca, de forma alguma e sob qualquer

pretexto, retire esse riso de seu rosto, já que a seriedade não lhe

cai bem. Você foi feita para sorrir, tímida talvez, o que lhe confere um encanto especial ou abertamente, o que a faz mas bela. Não importa, contanto que sorria. Fulgure! Fulgure como estrela! Melhor, muito melhor, fulgure como sol,eternamente, exatamente como no poema de alguém que falava em liberdade. Com a certeza do seu riso, terei a certeza do meu.

André Vieira
Enviado por André Vieira em 05/04/2007
Reeditado em 05/04/2007
Código do texto: T438642