Incoerência

Seus olhos negros, totalmente negros, envolvem como a noite da qual

ninguém pode esconder-se. Olho-a nos olhos, perco-me na escuridão que

fascina, envolve, desconstrói as minhas certezas.

Será uma incoerência que esses olhos tão profundos estejam emoldurados

pela brancura da sua pele que com ele faz tão belo contraste? Ou será

que , na verdade, chame-me mais a atenção a alvura dos deus dentes em

um sorriso tímido mas que lhe brota espontaneamente?

Incoerências, incoerências, tantas incoerências, todas as de um

enfeitiçado como o pássaro frente à serpente. No entanto, nem mesmo

aqui, há de se falar de caça e caçador já que a vida suscita tantos

fascínios e jamais precisou de rótulos.

André Vieira
Enviado por André Vieira em 05/04/2007
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