Afetos

Sempre que tocava o céu ele sentia um azedume na alma. Tinha medo de altura desde criança, quando caiu de cima da nuvem. Aprendeu com seu pai a apalpar os afetos do céu. Apertava-os até sentir abraços. Abraçados de tanto aperto os afetos estouravam. E apareciam outros afetos. E mais outros, e outros e outros. Aprendera coisinhas demais com seu pai. Coisas boas do chão. Menos a ser amanhecedor. Seu pai amanhecia de pureza antes mesmo das seis. Ele dormia de incertezas às três. Seu pai viveu pra sempre. Assim como o cheiro do gomo de uma laranja-lima.