Voleibol 


     O Voleibol é a expressão da paixão com as mãos. 
     Capazes de arregimentar multidões em espetáculos de corpos atléticos, simples mortais são elevados à categoria de semideuses. 
     Ícaros voam em direção à bola – arremedo de sol – e derretem suas asas em suores caudalosos, ou mergulham no areal escaldante para salvar um peixe-esfera sem escamas. 
     Harmoniosas duplas, erguem seus troféus nas arenas do mundo: Jaqueline e Sandra; Adriana e Mônica; Adriana Behar e Shelda; Emanuel e Ricardo, Franco e Roberto Lopes, Anginho e Loyola. 
     Momentos há em que, prisioneiros confinados a arenas cobertas, vinte e quatro gladiadores revezam-se num vaivém alucinante, disputando vantagens efêmeras, divididas entre saques e sets, vez por outra, arrepiantes, até que um derradeiro golpe acerte em cheio o peito outrora obstinado de um adversário ora batido. Júbilo, glória, deleite de enamorados espectadores que se amontoam pelas galerias desse circo romano do terceiro milênio. 
     “Medalha para o Brasil!” – narra-nos o alucinado locutor tupiniquim. Uma profusão de belas e cobiçadas medalhas: brônzeas, argênteas, áureas. Na quadra ou na praia, puro delírio. 
     Reverenciemos as mulheres laureadas com o bronze teimoso: Fernanda, Ana Mozer, Márcia Fu, Ida, Sassá, Fofão, Virna, Ana Paula, Leila. 
     Como esquecer a Geração de Prata de Xandó, Amauri, Bernard, Willian, Montanaro, Renan, Domingos, Badá, Fernandão, Marcus Vinicius, capitaneados por um incontido Bebeto de Freitas? Ou as seleções douradas com Marcelo Negrão, Maurício, Giovane, Nalbert, Tande, Ricardinho, Sérgio, Paulão, Carlão, os André, Heller e Nascimento, Anderson, Giba, Gustavo, liderados por antitéticas figuras: José Roberto Guimarães e Bernardinho? 
     O Voleibol, que nasceu órfão de brasilidade, é hoje a febre aérea que contagia o País do Futebol. Um afável padrasto, ávido por novas emoções pueris.