Os animais...
          Eles também
                Já foram mais felizes



A longevidade de nossas vidas nos
produziu privilégios!... 

Entre estes, testemunhar a vida em si!        
Assim sendo, foi possível perceber que
os animais, eles também já foram mais
felizes!

Houve um tempo, não muito distante
em que os animais eram felizes.

Conquanto, quando domesticados,
eles sempre estiveram à mercê das
vontades e objetivos dos humanos!...


 Assim, assimilarmos culturalmente que
a vaca era para nos dar leite, da ovelha
a lã, a galinha para dar ovos, o porco
para nos dar além do pernil e
do lombo a gordura, o boi para
ajudar a lavrar os campos, o cavalo
para montaria,  o burrico era o animal
de carga e da carroça,  e também
era assim com asno (o nosso jumentinho)...
Asno é menos pejorativo!

Que entre outras serventias, foi o nosso
grande transportador de água e de
lenha para queima em nossos
fogões a lenha!


Quem tem menos de cinquenta anos
de vida, não deve ter visto um
animal com comportamento feliz,
vivendo as etapas de sua vida com f
elicidade!...
Eu os vi:...
Ouvi o galo nas madrugadas cantando,
galinha a cada postura cacarejando,
perus com os seus glu-glus e com
suas asas arrastando, capotes mesmo
cantando toou-fraco, toou-fraco,
o pato qüem-qüem, cabritos e
burregos brincando e saltitando ao raiar
o dia, vi cavalos, burricos e asnos
relinchando, bois e vacas mugindo
e ruminado, cachorros latindo,
gatos miando, e pássaros, há!...
Pássaros, este eu os observei
cantando no alvorecer do dia e
no entardecer ao votarem aos
nossos laranjais!


É com sensata tristeza que sinto
que não mais verei um sabiá solvendo
a laranja na laranjeira, o azulão
vazando o mamão no próprio mamoeiro,
a rolinha comendo o fruto do cardeiro (cacto) 
e fazendo ninho no cacho da bananeira,
o canário estalando seu canto e com
o seu  ninho na biqueira da casa,
a graúna cantando na carnaubeira,
o tiziu saltitante na estaca, o
cabeça-fita na cana-fístula, o canário
caboclo e o periquito no milharal,
o gavião malvado pegando pinto
no terreiro, a raposa no galinheiro,
a abelha zumbindo no oco da oiticica,
cobra engolindo sapo, sapo comendo
besouro, a rã (para o nordestino é gia mesmo)
na lama da lagoa, o caçote (perereca)
saltando nas paredes frias do banheiro,
o boi furando a cerca,  cabra e
bodes sem noção invadindo a roça aleia.


Assim eles eram felizes!
Ainda que alguns fossem criados
com um objetivo, um dia eles
iriam ser sacrificados, sem comiseração
e sem clemência!...   Fosse ela uma
galinha, um bode, um carneiro,
um boi ou um porco...

O seu destino era certo, embora déssemos
a eles um tempo e dignidade de vida!
Seu fim não era menos cruel!

O que diferenciava dos dias de hoje,
era a sua extensão de vida!... Se é que
podemos dizer que com o mesmo fim, 
tivessem eles o mínimo de dignidade!

Podíamos dizer que um lanífero vivia pelo
menos dois anos no chiqueiro, o mesmo
ocorria com a galinha ou  aves de terreiro,
com o caprino e o suíno, enquanto ao
boiuno, este  antes de quatro anos não iria
para o abate para ser retalhado
em partes...
Acém, chã de fora chã de dentro,
patinho, alcatra, coxão duro, coxão mole,
filé, carne da dianteira, da traseira,
de pescoço, costela, além dos miúdos,
bofe, fígado, da mão de vaca e da rabada,
até o couro é aproveitado!

A única coisa que diferenciava dos dias
de hoje, é que tínhamos tempo de apreciar c
ada um eles, e até os chamávamos
pelo apelido...   
                                                          

Quem não distinguiu a vaca por título
de mimosa, um touro por apelido dengoso,
o porco que chamávamos de porquinho,
o cabrito pretinho, o carneiro de branquinho...   
                                                                    
De tal modo que, mesmo com os seus
destinos selados, convivíamos
com eles domesticamente...
                                                                                                                 

Era comum, familiares não compactuar
com o seu destino final!...


Recentemente vi e assisti a um vídeo
de uma criança de dois ou três anos,
recursando-se a comer um povo!...               

Dizia ele: “bicho não é para matar,
bicho é para ficar em pé”.

 
Excepcionalmente nascemos em uma
cultura de carnívoros!

Desde cedo somos influídos a comer carne,
esta oriunda de um ser vivente!...

O pior e que levamos muito tempo
para descobrir que também somos um
avaro carnívoro!

Admirável é aquele que descobre
cedo e se desprende desta dependência!


Hoje, vivemos esta troca de valores,
sem sensibilidade para com a vida...
Ao banalizar a vida animal, a vida
humana também se torna banal...

 
Animais são criados como que em
uma linha de produção, onde requer
o mínimo de tempo possível para que
o produto chegue à mesa e o retorno
financeiro  na  velocidade em que
ele é produzido!...

O frango de granja não pode passar
dos vinte sete dias, caracteriza
prejuízo ao vigésimo oitavo dia de vida!

O boi para abate não passa de
dezoito meses...

E o mais cruel, repugnante mesmo é saber
a origem do... Baby bife! Este vem de um
animal recém-nascido!                         

Doe em ver esta forma criminosa de ceivar
vida de inocentes para saciar
desejos humanos!


Assim as novas gerações são privadas
de ver um animal feliz... Desde que não
seja ele um, cujos fins sejam apenas
lucrativos! Salvo ai alguns cães e gatos,
isto se forem bonitos e de raça,
em não sendo, eles estão fadados
às ruas e ao abandono...

Basta ver os nossos vira-latas (cães e gatos)
nas ruas!


Esquecemos que eles assim
como nós pertencemos a terra,  e ela,
a terra os pertence igualmente!

Se tornaram infelizes ou mais infelizes  aqueles
que perderam seus valores de
prestabilidade, aqueles que se
tornaram imprestáveis!...


Caso latente dos asnos!
Estes estão sendo cruelmente abandonados
e mortos na beira das estradas do
nosso país!                                                                                                              
Quadrupedes,  repetíeis ou avoantes...
Aqueles seres felizes e viventes de outrora!...
 
Não sei se é por reflexo deste texto,
mas à medida que fui escrevendo,
fui sendo invadido por uma tristeza
sem definição...

Ainda que o proposito deste seja
apenas para uma reflexão!


 
Os Animais...  
Eles também já foram mais felizes!

Gel... O Poetinha Filho de Russas   
Russas, 15 de julho de 2013
  

 
Francisco Rangel
Enviado por Francisco Rangel em 16/07/2013
Reeditado em 25/09/2013
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