A bruxa está solta

Sr. João lembrou-se de que precisava dar um recado para sua nora Luzia. A Escola Jovelino Rabelo, onde ela era professora, ficava bem perto de sua casa e num instante ele chegaria lá. Só que o carinhoso sogro de Luzia se esqueceu de que era Semana da Criança e a escola estava numa euforia total. Eram vários dias de muita comemoração, uma semana com muitas atividades recreativas. A Diretora Neli Gomes e as professoras se desdobravam em cumprir uma programação onde todas as crianças tivessem momentos de muita alegria.

A Escola era toda enfeitada com belos cartazes alusivos à data, a merenda era especial, muito do agrado da meninada, e a cada dia se divertiam com os números artísticos apresentados pelas próprias professoras.

Naquele dia, a grande atração era a apresentação teatral do conto clássico infantil “A Bela Adormecida”. Os alunos aguardavam o espetáculo com ansiedade.

Luzia fantasiou-se na bruxa malvada. Estava já de prontidão. Com um vestido preto com aplicações de estrelas brilhantes, uma chapéu feito de cartolina todo enfeitado, o cabelo feito de corda de bacalhau bem desfiada, unhas grandes postiças, sombras escuras nos olhos, uma grande verruga, feita de tinta, no nariz. E para completar o acessório de toda bruxa, a conhecida vassoura. Estava irreconhecível!

E foi nesta hora que chega o sogro de Luzia, Sr. João, à sua procura.

— Quero falar com minha nora, a Luzia.

Foi encaminhado até o local onde ela se encontrava bem concentrada esperando a hora de entrar em cena.

— Ela está ali, Sr. João. Pode chegar e falar com ela.

Sr. João olhou e só viu uma bruxa muito feia.

— Não moça, eu quero falar é com a minha nora. Eu nunca vi aquela coisa.

Nisto Luzia percebeu a presença do sogro e sorriu para ele. Ele ficou muito espantado. Gostava muito dela, admirava-a também pela sua beleza e simpatia. Não estava mesmo aceitando que aquela pessoa esquisita poderia ser a sua nora. Sr. João nunca fora fã de bruxa porque nas histórias ela causava todo tipo de transtorno. Quase voltou, mas Luzia se aproximou:

— Sr. João, sou eu, a Luzia. Estou assim para uma peça de teatro.

Ah, sim, a voz tão terna e familiar caiu-lhe bem aos ouvidos. Sorriu também e com uma certa dificuldade foi aceitando o horripilante disfarce. Afinal de contas aquela era uma bruxa muito especial. Não seria uma rainha?

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 19/07/2013
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