Será que vão aplaudir!

Será que vão aplaudir?

Às vezes chego a pensar que eu não existo e que esse não é o meu mundo... Que peguei carona nas asas do vento e voei pelas trilhas do tempo em busca de um destino ou era que não seja minha ou tua, mas, simplesmente nossa. Sei que muitas nuvens passaram sobre nós, que muitas aguas rolaram sob os nossos pés e, que rodamos através da historia, que percorremos distancias inimagináveis e que diariamente somos triturados pelo moinho da vida. So0mos passageiros de todos os veículos que rodam, voam, navegam ou simplesmente se arrastam nessa imensidão, sei lá de que.

Já não somos mais os mesmos, ainda hoje em Belém, eu entrei em uma fila na farmácia Big Bem e, uma bela jovem tocou no meu ombro e disse: Senhor, vá em frente que você é especial. Por alguns segundo eu levitei e até agora não sei se a minha aparência está tão... Ou se ela era gentil a mais da média. Assim, acenei, não para ela, mas para o véu que descortinou-se no tempo ou para as vendas que cobriam os meus olhos e logo pensei, esse não é mais o meu tempo! Inda a minha vida, sim! A vida de um homem cujo tempo não existia taxi, dizíamos carro de praça. Do tempo que éramos eternos namorados, que tudo era uma grande descoberta e que os beijos roubados no escurinho do cinema causava tanto frenesi que passávamos uma semana sorvendo aquele momento e sonhando com um igual àquele que talvez nem viesse a existir. Eu sou de um tempo que se sonhava e realizava-se os sonhos, que a magia, os odores eram sentidos, que as cores eram mais vivas e os sons, sim, eles eram suaves e audíveis, prazerosos, invadiam almas, acalentavam sonhos e preenchiam vidas, implodindo todas as tristezas e fazendo brilhar nos céus de todas as emoções, constelações estrelares de todas as felicidades. Ah! Éramos felizes, chovia no tempo certo e nos verões de todas as férias nos invadíamos as praias, deslizávamos nas aguas quentes do mar até rolarmos sobre as areias finas corpos bronzeados e bocas sorridentes e felizes. Hoje, atém a natureza mudou. As crianças não são e nem querem ser mais a maioria dos jovens procuram uma trilha, uma luz, muitos jamais encontram porque se perderam e ficaram distantes de nos que vivemos em um mundo que não mais nos pertence, buscamos um ao outro, porém, perdemos a noção da realeza fundamental da vida e surge um novo conflito que vive em nós, o medo de tentar novamente e sofrer... Mas eu sei que um casal, são aqueles que somam, que dividem além da cama, que se ama e necessita um do outro. Quando nada disso acontece é porque nada existe e é por isso que somos sós. Cada um por se e uma eterna busca sem fim de um tempo que se finda, de um ato que termina diferente porque ao cair o pano, ficamos em lados opostos porque esquecemos que a peça apresentada era a nossa derradeira cena. Logo saímos do ar, e a plateia, será que vai aplaudir, quando o pano levantar novamente e nos abraçarmos com os nossos corpos cansados e selarmos um beijo sobre o vislumbre de rugas somadas sob a luz de um luar, pegarmos as mãos e caminhar juntos novamente e seguir o destino que sempre sonhamos...

Airton Gondim Feitosa