TRÊS MILHÕES MENOS UM
 
Confesso não ser católico, nem gostar muito de religião. Considero a religião uma prática sem direção na vida atual, pois se resume a pregar absurdos imaginários do além vida, a sublimar a dureza da vida na Terra.
O homem destruiu o planeta e sem se preocupar com isso, as pessoas vão à busca de um paraíso vendido por diversas religiões, cheio de verde, animais bonitos, ar puro, ócio, para adorar a um Deus distante, indiferente às derrotas humanas.
O líder católico mostrou, na sua vinda ao Brasil, que sabe ser um Estadista, e que realmente é latino-americano, bondoso, corajoso e simpático. No seu discurso final, Francisco deu uma alfinetada no governo brasileiro, principalmente, no nosso atrapalhado congresso.
O Papa foi correto, pois vida espiritual sem uma demonstração real de solidariedade e bondade, não vale nada. Empolgado com a acolhida de milhões vozes, Francisco passou a utilizar-se do verdadeiro carisma franciscano: fraterno, humilde, amigo, andando no meio do povo, chegou a ir a favelas.
Uma grande lição para Dilma foi a de falar com os jovens argentinos, valorizando o seu país de origem; ao contrário da nossa presidente, que diminuiu da família brasileira a chance de ter um filho médico e de se orgulhar dele ser brasileiro, convocando médicos estrangeiros para trabalhar no nosso país, atitude claramente “chavista”.
O Papa foi até Aparecida do Norte e conseguiu o que se espera de uma autoridade como ele: emocionou o povo brasileiro, todos os presentes, mostrando que a igreja pode ser popular sem ser apelativa.
Três milhões de brasileiros em Copacabana, a maioria de jovens católicos, arrepiam qualquer ateu, evangélico, budista, cardecista... Qualquer religião! Afinal, será que poderemos viver em paz e notar no exemplo do velho Chico de Assis, o novo Francisco, argentino, envolvendo a uma grande massa por uma causa justa? Será que voltaram a humildade e o verdadeiro cristianismo a serem os pontos mais altos da Igreja das Igrejas?
Ou não... Será tudo uma farsa? Teatro de um homem habilidoso que veio para salvar uma Igreja Católica que está falida e vive de rituais e promessas antigas, assombrada por uma ostentação de ser um Estado, no mundo onde as outras igrejas são apenas igrejas? Afinal, o Vaticano, como um país, não perde nada em escândalos para o nosso mensaleiro congresso.
Claro que teve uma exploração política: o odiado governador carioca gastou o que podia e o que não podia para aparecer na fotografia com o Papa, enquanto a presidente Dilma, que dessa vez não foi vaiada, até beijou Sua Santidade!
Muitos representantes do congresso queriam aparecer na pintura católica, e até mesmo a imprensa explorou a ida do Papa à capital carioca. A mesma imprensa que, nesse ínterim, escondeu os manifestantes revolucionários, a pobreza brutal e o tráfico de drogas, para mostrar a bondade do Papa e as “belezas” naturais do Rio.
Que imprensa covarde! Uma hora bate sorrateiramente nos evangélicos, em outra hora até na própria igreja católica... No embalo aproveita-se da popularidade do Papa para aumentar a decadente audiência.
Enquanto isso, no Supremo Tribunal, o seu presidente dava entrevista defendendo “o cacete da polícia”. “Que trabalhinho difícil tem esses policiais ao bater em manifestantes!”, dizia ele ao jornalista de meia pataca que o entrevistava. Isso além de criticar os médicos brasileiros, apoiando Dilma que defende o “chavismo” que, ainda bem, encontrou o túmulo. Isso por que o presidente venezuelano nunca acreditou nos médicos do seu País.
Será que Lula é um Hugo Chaves sem “culhões” e caminhamos para desacreditar os nossos médicos? Lewandowski ,defendendo a presidente Dilma, confirmou o programa “Mais Médicos” de forma liminar, endossando um programa eminentemente eleitoreiro, com vistas às eleições de 2014.
Enquanto isso não ocorre, Dilma, que governa com esporas, acumula a função de legisladora, metralhando com quase uma centena de MP o Congresso Nacional.
Ao defender policiais, a repressão aos manifestantes e a Presidente Dilma, o querido Lewandowski, mostra a população a sua diferença para o mito Joaquim Barbosa, pessoa a que todos conhecemos pelo nome e sobrenome. O atual ministro interino... procurei no Google para saber quem era.
A copa das confederações foi um fracasso político em diversos aspectos: protestos contra o governo, queda da popularidade da presidente Dilma, crise entre os três poderes, e luta armada na rua. Por outro lado, a visita do Papa ao Brasil foi um sucesso, comoções emocionadas, ordem e três milhões de pessoas em Copacabana.
Acredito que os políticos devem estar se questionando, principalmente a presidente Dilma, como fazer para o Papa retornar em 2014, depois da copa, quem sabe no final de setembro.
O que importa se enquanto isso nós sofremos com a inflação, com a corrupção e com altos tributos para financiar toda bandalheira? Amarrados por um Supremo tribunal vaidoso, ou por um legislativo corrupto e, finalmente, por um executivo que só pensa na reeleição; o brasileiro se esquece de suas mazelas, extravasando como pode. Desta vez, prevaleceu o aspecto religioso e o governo deve agradecer aos católicos.
O apelo é para o Deus brasileiro e para o Papa Argentino, que demonstrou que não está alheio à corrupção no nosso país, nem à pedofilia na igreja católica. Valente como todo bom Francisco!
Para os políticos ainda existe um grande perigo: mobilização popular. Três milhões de pacíficos cristãos coloriram a praia mais bonita do Rio, mostrando que o povo está pronto para mobilização se precisar, basta um Líder, com L maiúsculo mesmo.
Acredito que a líder de nossa nação é antipatriota, pois fez a opção pelo voto para 2014, e não pelo povo brasileiro. Considerando que em universidades federais existem, no máximo, 80 vagas para acesso à medicina, e diante do argumento utilizado para defender o “Mais Médicos”, pergunta-se: por que o governo não aumenta para 360 vagas para ingressantes no curso mais procurado do Brasil?
Resta a esperança de que as palavras do Papa Francisco toquem a presidente Dilma e ela mude 180 graus, passando a pensar no povo como um todo, e não apenas em estratégias que possam reelegê-la como Presidente da República.
A verdade é que, mais do que nunca, o povo brasileiro precisa de um Líder, capaz de prender com o Papa Francisco a mais importante das lições: a humildade.
Três milhões de brasileiros menos um, pois eu não estava lá.
 

 

JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 29/07/2013
Reeditado em 29/07/2013
Código do texto: T4410486
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