Dos Carnavais, Boas Lembranças

Dos Carnavais, boas lembranças...

Dos carnavais guardo boas lembranças. Festas descontraídas em que a comunidade realmente se unia espontaneamente, em alegres blocos improvisados, desfrutando do convívio saudável. As fantasias, se não bem caracterizadas, dava-se um toque carnavalesco no visual com maior brilho à maquiagem ou uma estampa especial num lenço que conjugava com vários colares e pulseiras coloridas. As folias dificilmente perdiam seu caráter familiar, honesto e artístico. Muito confete e serpentinas rolavam e acontecia de voltarmos para casa arrastando aquelas fitinhas coloridas presas ao corpo, e muito confete grudado em nosso suor, colorindo-nos da cabeça aos pés.

Lança-perfume era o luxo dos luxos, usado livremente, um perfumezinho suave acondicionado em cilindros dourados. Geladinho quando caía na pele e gostávamos de cheirar a substância, porquê não? E era o que fazíamos com alegria e moderação, mas na quarta-feira tudo estava esquecido. Só o odor agradável na fantasia nos transportava aos momentos felizes daquela inocente azaração.

Vale recordar a beleza das marchas e sambas que nos emocionam. Aprecio as artes que o carnaval expõe nas avenidas num belíssimo festival de cores, brilho, criatividade e evoluções. O mais, vem se perdendo no tempo que infalivelmente muda tudo, e a nós mesmos, trazendo uma alegria menor, a falta da espontaneidade necessária, a farra descontrolada, a deselegância da folia, a falta de urbanidade. Pior que tudo, temos hoje a violência, os perigos e o medo rondando nossos carnavais. Triste perder, enfim, a personalidade sadia que o carnaval merece.

Perderam-se pierrôs apaixonados, deslumbradas colombinas, baianas e havaianas descontraídas, piratas, índios, sultões. Por hora, só a comodidade esportiva dos trajes, o abuso das bebidas, latinhas na mão, e outros suportes mais. Mas, apesar de tudo, a esperança fará sempre o folião existir e “ o importante é ser fevereiro e ter Carnaval”... Fantasia pode ser bolinha colorida presa aos nossos narizes ou, quem sabe, uma hilariante máscara que retrate um corrupto enganador qualquer.

Evane
Enviado por Evane em 30/07/2013
Código do texto: T4412033
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