“ Não sei viver, não sei ser humano, não sei como viver dentro da alma triste que consome os meus prós na terra…  Não sei ser útil, mesmo sabendo ser prático, cotidiano e nítido. Amei e odiei como toda gente, mas pra toda gente, isso sempre foi normal e instintivo, pra mim sempre foi exceção, o espeto, o acaso, o óbvio.  Eu não sei se a vida é pouco ou demais para mim. Eu não sei se eu sinto de mais ou de menos. Só sei que a vida é de tão interessante que é a todos os instantes, a vida chega a doer, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de sair fora de todas as casas, de todas as órbitas, em ser selvagem, entre árvores e esquecimentos… O amor sempre foi o lugar da minha vida e das minhas grandes canções, mas eu tenho que confessar que aprendi, que meu coração não quer viver batendo devagar… “

(Passagem das Horas de Álvaro Campos)

 

E quando a vida te ofereçe todas as opções que ela tenha para tu decidir pela mais correta. E quando o sinônimo de fugir for a coisa certa é sinal de que você está completamente errado. Posso me arrepender amargamente de dizer isso que disse, mais de tudo que eu vivi ontem, de tudo que eu senti e ainda sinto entranhado na minha carne que dilacera quando penso ou quando escrevo, quando respiro e quando almejo ser, é porque a certeza é plena e absurdamente efêmera: Meu coração não quer viver batendo devagar… 

Meus dias tem sido pra lá de intenso. Surpreendentemente solitários, por escolha própria. Cansei de pílulas de auto ajuda barata que me é dada por pessoas que se dizem meus amigos e que nunca fariam por mim o que faço por elas. A vida me deu um presente em ser eu, apenas eu, sem mais ninguém. Em colocar na minha vida as pessoas mais erradas de certas, os homens que eu necessito para viver, para me guiar e me aguentar. Eles e suas eternas certezas de me amarem e se preocuparem comigo cada um na sua e do seu jeito. De estarem do meu lado da forma que for, isso sim já me basta.

Passar a entender que a minha necessidade já basta para o outro me torna mais ainda um ser capaz de amar sem medidas. Um existencialismo fora do comum, de viver incondicionalmente a minha vida sabendo que o outro nunca deixará de me amar por todos os meus devaneios. Hoje, apenas por hoje e por posteriormente me sinto leve, como um vento que sopra até a você e leva meu cheiro de saudade.

Quando fugir for a minha maior defesa, não desista nunca de correr atrás de mim e me puxar pela mão. Eu preciso disso.

Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 04/08/2013
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