Auto Terapia

Hoje ao despertar senti um grande desejo de escrever, não sabia bem o que, e nem por que, mas sentia que precisava debruçar-me sobre a máquina e deixar rolar os sentimentos. Aqui estou eu diante do teclado sentindo as vibrações de uma emoção, latente.

Uma angústia inexplicável que invade meu peito com tamanha ansiedade que chega a faltar-me o ar.

Um turbilhão de pensamentos invade-me. Uns tristes outros nem tanto, porém, é certo... É a velha companheira... A solidão, que às vezes insiste em fazer-se presente em meu coração. Por mais que a repudie e renegue, ela insiste em dominar-me os pensamentos enchendo minha cabeça de velhas lembranças, daquela época, até boas, mas que hoje nada mais têm a ver com a realidade. Decido afastá-las buscando outras, mais vibrantes e ao mesmo tempo menos doloridas.

Numa postura meditativa direciono meus pensamentos para o Mar, sua imensidão, suas ondas irregulares que vão e voltam a cada instante de modos diferentes, mais, altas ou mais baixas, ora intensa, ora suave, mas sempre indo e vindo deslumbrantes, com aquela escuma clara extremamente alva vai se aconchegando à plácida areia, que a recebe serena, calada, sôfrega por seu frescor. E com a tranqüilidade que lhe é peculiar aspira sua essência calmamente, num misto de prazer e agradecimento, mas sempre inerte, sem demonstrar sequer um grão de reconhecimento ou satisfação.

Transporto-me para esse quadro de sublime interação, sem cobranças, sem recusas, pura troca de prazeres inefáveis e profundamente encantadores, que marcam nossas vidas pela sua transcendência natural. Sinto-me um pássaro de asas molhadas pelo vôo rasante ao se aproveitar daquele encontro sedutor que lava a alma de tanto prazer.

Sinto-me renovada, com a mente e a alma cheia de desejos inebriantes a devanear feito águia livre, que desvenda do alto um novo patamar. Retorno desse êxtase meditativo, refazendo meu caminhar, com os pés bem fincados na realidade, rumo ao novo desafio que a vida nos proporciona diariamente.