O padre e os Tomates

O tomate já pode ser vendido junto com a feira. O povo pobre que há poucos dias achava que morreria sem comer um tomate, esta rindo a toa como diz a musica do “Fala Mansa”, porque agora se come tomate verde frito, tomate com alface, tomate servido como aperitivo para descer a pinga e até rodelas de tomates para espíritos em encruzilhada. Um caso escatológico envolvendo o tomate diz respeito a um estrume que levado pela enxurrada parou na beira de um riacho e por ali as sementes contidas no interior germinaram e, uma linda horta se formou ali. Qual a relevância deste evento para a evolução dos pobres? Fácil, o pobre depois de comer o pão que o diabo amassou, agora come o tomate reciclado.

Não é segredo que o homem sempre foi um bicho curioso, curiosidade genitora do prurido do experimento, que já mudou em épocas distantes ou não tão distante a história do universo. Entre elas estão: experiências espaciais, extraconjugais, bi-lateral, Socialistas, punk e etc... Até experimentar a morte para se livrar das contas se tem noticia. Mas nada se compara aquela em que um Psicólogo e amigo que tanto prezo de nome Hermeneu, aliás, faço agora de forma experimental a troca do nome dele na intenção de não ser descoberto na maquiagem do enredo. Casado há quatorze anos com uma Médica especializada em Psiquiatria, acordou certa noite ofegante e suado. Levantou-se, foi até a geladeira e tomou um copo com água mineral gasosa. Após o refresco arrancou o pijama e sentou-se no portão para observar o silêncio que a madrugada trazia. Despido de qualquer vestimenta lhe veio à mente uma vontade inexplicável de tocar violão.

Como não tinha o instrumento em casa e também não tinha habilidades para as cordas, levantou-se e foi até a esquina, olhou a sombra projetada na parede, murchou a barriga, olhou o instrumento dependurado em sono profundo e ficou imóvel como estátua. De repente um vento imprevisto empurrou o portão e bateu com violência, trancando com a chave do lado de dentro. Porém aquela estátua provocativa que mudara a posição, viu um reflexo de luz distante, mas que vinha em linha reta, assim, pensou ser a hora de acabar a experiência inusitada. Andou saltitante pelas dores das pedrinhas furando a sola do fino pé, até chegar ao portão e perceber que estava trancado do lado de fora. Antes de completar o pensamento a cerca de uma seqüência de batidas para acordar a esposa, lembrou-se das vinte miligramas de diazepan que a mulher toma para dormir.

Mas lhe veio outro pensamento, rápido e criativo sobre alguns sacos de lixo à frente, mas ao agachar em busca de algum resíduo que lhe permitisse a transformação em vestimenta fora surpreendida por um cão que roia um osso por ali, na fuga desesperada para não ser devorado pulou as grades da Igreja e continuou correndo, pois o cachorro também conseguiu transpor sem dificuldade. Até encontrar uma porta semi-aberta que fechou ao passar. Deitou-se em um carpete bordado e ofegante como na volta do sonho, passou a contemplar a silhueta daquele arco imenso de vigas alternadas, pensou no dia em que a mãe lhe pedira ainda criança que estudasse para Padre, argumentando que todos iam para o céu ao morrer.

De repente as portas se abrem bruscamente e vários policiais empunhando armas o cercam. Involuntariamente se levanta com as mãos na genitália, tentando se explicar, quando ao seu lado, também despido e coberto por hematomas o Padre aparece deitado em posição fetal...

Na época da alta do tomate o Jornal Financial Times da Inglaterra, fizera uma ironia dizendo que a Presidenta Dilma perderia a eleição para um humilde Tomate.

Hermeneu foi preso e acusado de roubo e tentativa de homicídio contra o Padre, teve seu nome apresentado como o amante do religioso, além da demissão da clinica que atuava e a separação da mulher. Porém tudo isto é parte de um passado obscuro que o amigo quer apagar, já que após a volta do Padre de um coma prolongado, pegaram o verdadeiro autor, a mulher está de volta e uma recheada indenização por parte do Estado logo lhe cairá na conta.