Cena – Aos pais

A cidade de Barbacena tem cenas lindas e feias como qualquer outro espaço, seja urbano ou rural.

Vivemos em uma época que talvez, por vários motivos, seria mais fácil numerar o feio, o desprezível, o criticável.

Mas vamos ressaltar aquilo que é positivo, porque acreditar é preciso.

Aquilo que é positivo é bonito de se ver. O que é, então, bonito em nossa cidade?

O entardecer com os seus poentes; o anil do céu em dia ensolarado; a juventude, esperança de futuro; alguns prédios antigos que resistem (o belo estaria em sua permanência – ainda que quase ruína – ou o cuidado tênue de outros?) ou a modernidade de alguns, fazendo então a cidade ter este caráter transitório entre o passado e o novo.

Mas aquilo que me seduzira, muito mais que a meus olhos ou percepção, e encantara-me os sentimentos me fazendo refletir fora um instantâneo em cena.

Era tarde de junho. Inverno nos trópicos. Vento gélido. Sol frio, mas dourado. Brilho de metal gelado. Nuvens esparsas em rede de gaze.

A rua repleta de carros em ambas as mãos. Transeuntes, nem tanto. Sons vindos de casas, escolas e outras instituições.

De um dos veículos, sai carregado no colo aquele senhor que já trabalhara tanto, que criara todos os filhos cuja mãe há muito falecera. Acertou bastante e errou inúmeras vezes. Não era santo e nem pecador, era Humano. É humano. Os vizinhos contemporâneos seus viviam agora só na memória dos filhos e ele ali, resistindo ao tempo, era carregado pelo seu.

Eu, na rua, fiquei parado para testemunhar esta cena de Barbacena, esta cena de família, esta cena da humanidade, esta cena que nos faz acreditar no próximo.

Esta cena supera toda beleza efêmera de qualquer outro cenário.

Paraíso.

Feliz dia dos pais!

Felizes aqueles que têm filhos.

Barbacena, 11/08/2013.

Leonardo Lisbôa

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 10/08/2013
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