Durante um bom tempo fiquei observando aquela flor solitária , que apesar do frio, do tempo nublado, de uma brisa mais intensa permanecia ali majestosa, imperturbável , exibindo nas bordas das suas pétalas de veludo vermelho brilhantes gotas de orvalho .
Uma irresistível tentação se apossou de mim . Pensei em roubá-la, gravar aquela imagem linda com a qual meus olhos foram contemplados mas fiquei indeciso .
Não poderia tirar aquela bela flor, naquele momento solitária , daquele lugar que embora bem cuidado, não apresentava outras flores aos seus visitantes .
Além disso, aquelas gotas de orvalho pareciam minúsculos diamantes que com a passagem do amigo sol por entre folhas de uma árvore frondosa fazia com que ficassem muito mais brilhantes .
Continuei admirando a bela flor e rindo de mim mesmo, pois por instantes fiquei na dúvida sobre qual era mais lindo , a flor aveludada de um vermelho cor de sangue ou o orvalho que sob o brilho tímido do sol se transformava em minúsculos diamantes .
Naquele momento lindo, mágico, incomparável me arrependi de não estar com a máquina fotográfica pois aquela imagem majestosa , linda, mágica, precisava ser emoldurada e guardada entre minhas melhores e mais doces lembranças .
Como se adivinhassem meus pensamentos e minhas dúvidas, tanto a rosa de veludo vermelho como as gotas de orvalho de minúsculos brilhantes começaram a se transformar .
A rosa começou a abrir-se mais delicadamente e as gotas, longe de diminuírem , evaporarem ou simplesmente escorregarem para o gramado , pareciam estar cada vez mais brilhantes .
Não tinha como fotografar e a natureza, provando mais uma vez a sua cumplicidade comigo, ordenou que a brisa parasse de soprar, o sol diminuísse um pouco o seu calor e ninguém mais se aproximou, nem mesmo as habituais borboletas.
A tentação de tocar a flor era muito grande. Pensei em ofertá-la para alguém mas, não tinha como fazer isso. Quem sabe, não tenha ninguém para ofertar aquela rosa .
Não tenho dúvida que certas flores, sempre lindas, perfumadas e majestosas não deveriam ser colhidas. Seria bem melhor se amantes e amados pudessem só apreciá-las ao natural, naquele suave balanço ao sabor do vento e abrindo suas pétalas caprichosamente a medida que o sol fosse se aproximando e irradiando um pouco mais de calor.
Não sei por quanto tempo continuei sentado no banco daquela praça apreciando aquele gratuito e maravilhoso espetáculo .
O tempo não era tão importante assim pois não tinha pressa e mesmo que tivesse, dificilmente deixaria de ganhar alguns minutos saboreando a beleza daquela combinação mágica , rosa e gotas de orvalho .
Esperei mais um pouco e aí não teve jeito. O sol me olhou com sua imponência de astro rei e, também parecendo me pedir paciência aqueceu mais um pouco aquele lugar encantado e então gota a gota, os minúsculos brilhantes cristalinos foram sendo depositados no gramado orvalhado .
A rosa aveludada permaneceu altaneira, majestosa, linda, uma rainha nos jardins da vida e então levantei-me e segui meu caminho sem olhar para trás.
Talvez , quem sabe um poeta, um romântico ou um apaixonado colhesse aquele jóia de pétalas de veludo vermelho para oferecer a sua amada .....
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.....esta crônica foi publicada originalmente em 24/07/2012 e hoje......quero oferecê-la a uma pessoa muito especial.....
(.....imagens google.....)