Sou nordestina de corpo, alma e até as tripas. Não que tenha qualquer preconceito, longe disso. O que tenho é orgulho de ter tido a sorte de ter nascido nessa terra tão linda, terra de fortes, de pessoas que não se deixam abater por grandes catástrofes como a seca que nos sacode com frequência. Onde o misticismo ajuda a aceitar e a esperar. Sempre esperar, como se fosse uma sina. Que aceita uma neblina como chuva e bendiz. Que enverdece com gotas, quase lágrimas. Pele tostada, olhos azuis pregados nos céus à espera de uma resposta aos pedidos a Padim Ciço. Terra com pegadas de dinossauros fincadas na aridez do solo sertanejo convivendo harmoniosamente com uma infinidade de juritís, papa-capins, arribaçãs, periquitos e araras. Terra do poeta maior Augusto dos Anjos. Terra de bons violeiros e cantadores. Da rapadura com feijão, do rubacão com queijo de raspa, do forró de Luiz Gongaga a Santana e Flávio José. Do Maior São João do Mundo, de exímios sanfoneiros, de mesa farta, se chove, mas se não chove a partilha do pouco, acontece. E o por do sol? Indescritível...Vermelho sanguinolento.
           Descendo para o litoral encontramos as praias de areias alvas, àgua morna e transparente, coqueiros à beira mar num eterno convite ao banho.
          Bem, se tudo isso não justificasse meu amor, ainda temos o maior cajueiro do mundo e pasmem... O maior baobá (o do Pequeno Príncipe) do Brasil com 20 metros de diâmetro no tronco. Precisa mais?
         Não somos uma terra de ignorantes, de trabalhadores braçais sem nenhuma especialidade, de arruaceiros. Somos dignos trabalhadores e se saíamos de nossa terra indo para o sul, era em busca de trabalho. Agora isso está acabando. Já podemos ficar e fincar por aquí. No sul somos tratados como paraibas, cabeças chatas e mais outros títulos que nos denigrem.
            Pois é: Somos tudo isso e muito mais. Somos brasileiros natos, somos nordestinos e muito mais. Até as tripas...Que Bom!