COMPANHEIRISMO

Cada dia que passa reparo mais e mais em como as pessoas se relacionam e tornam suas companhias essências. Fazer-se presente no momento certo e em situações onde sua presença não seja necessária pode significar muito mais sintonia do que se imagina.

É simplesmente o não precisar que torna essa atitude algo agradável, faz com que cada momento seja vivido inteiramente por ambos, acrescenta mais contato em quem se gosta e fortalece o romantismo oculto diário.

Acho lindo quando vejo casais papeando na fila de um supermercado, do cinema, teatro, esperando que alguém os atenda em algum lugar, comendo juntos e comprando presentes, neste caso ovos de páscoa.

Tão linda é a sintonia de quem está junto porque simplesmente se gosta e faz questão de estar próximo, lerem juntos ao sofá sem precisarem conversar, deixando que a troca de olhares crie o diálogo propício para um clima de excitação que será discutido mais tarde, em outro, ou no mesmo, na realidade em qualquer lugar.

Maravilhosa companhia que está implícita nos toques, nas sutis “esfregadinhas” que criam uma comunicação particular entre os corpos nos lugares mais inusitados. Completa junção de uma relação que é baseada na troca do infinito, não é limitada aos assuntos em comum, mas sim a tudo que faz da vida deles um casal não mais isolado no próprio ser, mas sim dois em um.

Casados, namorados e enrolados que demonstram seus sentimentos não só nas palavras, que podem ser venenosas e enganosas. Mostram nas entrelinhas das atitudes um companheirismo sem esforço, um querer extra-racional movimentado e estimulado pelo prazer de ficar ao lado, embelezando ainda mais a escolha do estar junto.

Apenas olho cada vez mais a sutileza com que quem realmente se gosta faz questão, sem forçar, de usar o mínimo tempo que tem pra usufruir junto ao alheio, este que também retorna o carinho, deixando no ar a essência e a pureza que torna cada dia mais um de alegria e ternura.

Andar junto seja lá onde e como for fortalece os laços de quem valoriza o ser adorado, une e não deixa o inoportuno ter espaço, diminui o risco de distanciar os pensamentos íntimos e insanos, faz com que seja barrada a idéia e o costume de ser individual, ajuda, se naturalmente for, a plantar uma semente que germinada culminará no fruto do puro amor.

Seja numa simples compra de pãozinho na padaria, um café, comprar remédio na madrugada, a presença da pessoa que escolhemos para estarmos juntos tem que ser algo prazeroso, sem segredos, mistérios, picuinhas, tem que ter clareza de uma relação madura, aberta aos defeitos e qualidades e, acima de tudo, que tenha a certeza da felicidade da companhia.

Tomar cuidado ao deixar de bandeja sua jóia para os ladrões oportunistas à solta em todos lugares, não correr o risco de perder quem ama por não proporcionar o que mais se tem que ter num relacionamento, que deve acontecer por vontades ambas, fluir facilmente por se gostarem, se valorizarem, pela sintonia que mostra o exato relacionamento que é: a fiel participação.

Fidelidade que significa não só não trair, mas sinceridade à natural vontade de estar sempre próximo de quem gosta, ser presente sem data de comemoração e sem que precise ter uma ocasião específica ou formal.

Cada um se relaciona do jeito que quer, aprendeu e sabe, afinal, a modernidade está ai, em uniões que duram apenas alguns anos e até meses, tirando sarro dos nossos pais, caretas, que vivem juntos há décadas, com suas brigas muito maiores que as causadoras das separações hoje em dia, mantendo acima de tudo o que foi uma jura mais do que religiosa: espiritual.

Muita proximidade pode trazer conflitos, porém, uma discussão consciente, respeitosa, apimenta a relação e faz com que a troca de idéias seja uma convergência de opiniões e aprendizados mútuos, acrescentando na relação um algo a mais, uma sabedoria unida pelas vozes da paixão.

Neste caso, no amor, dividir é multiplicar a soma.

Pra se manter um relacionamento o companheirismo é um dos principais fatores para que a relação perdure e conquiste a confiança necessária pra um crescimento maduro.

Casais de velhinhos então me emocionam, se estiverem de mão dadas então ferrou.

E pela madrugada vão meus pensamentos soltos sobre como é importante a convivência próxima de quem se gosta, a participação nos simples detalhes grandes dos dois, a sintonia que empolga se for bem administrada, traz à tona um romantismo quase perdido nos dias atuais, expulsa o individualismo egoísta que distancia os corações e afasta a beleza que existe em trocas de olhares, toques de celulares da pessoa amada, recados onde for, mãos dadas em filas, opiniões contrárias que viram risadas e cochichos de palavras carinhosas ou segredinhos ao pé do ouvido. Mostrando mais uma vez a existência do que de mais importante no mundo há: o amor correspondido.

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Sidnei Oliveira
Enviado por Sidnei Oliveira em 10/04/2007
Reeditado em 10/04/2007
Código do texto: T444620