Lamúria de um escritor amador...

Viver é algo ridículo e engraçado ao mesmo tempo, principalmente quando você tem sonhos infindos em sua mente, mas não consegue realizar nenhum deles. Pelo menos não de imediato. Sei que vou morrer antes da hora, não sei por que sei, apenas sei... É algo ridículo e engraçado ao mesmo tempo, como a vida...

Praticamente nenhum de meus sonhos se realizará, tenho incontáveis sonhos que gostaria que fossem eternizados, mas talvez apenas um se eternize. Pelo menos não serei totalmente esquecido. Sei que serei lembrado, não sei por que sei, apenas sei... Não é ridículo, nem ao menos engraçado, por que não faz parte da vida...

Faz parte de nossa vida sermos esquecidos com o tempo, perdidos em lembranças e pensamentos, como as idéias de um escritor que ele não acharia que dariam certo e assim as descarta de sua mente. Um tipo de aborto, por que quando um escritor tem uma idéia ele cria certo tipo de vida em sua mente, ao passar esse fruto de inspiração para o papel o escritor dá a luz a essa idéia. Logo, se um escritor cria algo em sua mente, mas não a passa para o papel, é como se deixasse esvair parte de si mesmo... A inspiração faz parte da vida do escritor, é quase como sua noiva, esposa e filha.

Primeiro o escritor namora a inspiração, ele a sente. Depois se casa com ela e vive descobrindo-a. Dessa relação é que germina uma idéia, uma obra verdadeira, mas se depois disso tudo ele a descarta é como um aborto. Ele viveu com ela, sentiu ela, a amou... E deveria ter dado continuidade à sua existência.

A inspiração de um escritor faz parte de seus sonhos, sonhos de que alguém a leia e sinta o prazer que ele sentiu quando estava com ela dentro de si. Dentro da mente e alma do escritor a inspiração se desenvolve e toma vida partindo pro papel, sobrando apenas os sonhos de que tudo dê certo no final.

Sonhos... Meus sonhos são tantos. Tenho apenas 20 anos - na verdade 21, pois daqui a menos de um mês é meu aniversário - e estou cheio de sonhos e esperanças, mais ainda de inspirações, mas algo bem no fundo de meu ser diz que muitos deles nunca se tornarão realidade. Não sei como sei disso, apenas sei...

Tenho tão pouco tempo, e quero fazer eternas tantas coisas em minha alma, mas acima de tudo quero levar minhas inspirações em frente, transformá-las em sonhos que se tornem realidade. Gostaria que as pessoas conhecessem o príncipe Arminim e seu destino obscuro, que se emocionassem com Lyan quando uma lágrima brotar em sua alma no momento em que descobrir o amor verdadeiro, também queria que odiassem Lucadiel quando ele usasse e abusasse da inocência de um anjo recém caído em forma feminina, ensinando-a a amá-lo, apenas para que ela aprendesse a sofrer...

Todos eles são filhos meus que ninguém conhece, na verdade alguns poucos amigos até já tiveram o prazer de serem apresentados a eles, mas queria que todos conhecessem. Só que eles ainda precisam nascer, e o nascimento de uma inspiração toma tanto tempo e esforço que sinto que não poderei dar vida a todas. Se assim puder ficarei muito feliz...

Como se não bastasse, ainda tenho um preço a pagar pela minha inspiração, digamos que seja uma espécie de “compensação”. Todos devem pagar um preço por algo neste mundo. Meu preço é depressão, inconstância ou desilusão. Quando minha amada inspiração me visita as dores vêm, se alojam em minha alma e ficam lá dentro enterradas como uma semente que pouco a pouco vai crescendo. Ter algo saindo de dentro de você é uma experiência dolorosa, mesmo que metafórica ou psicologicamente, porém quando finalmente esse algo sai você percebe que o preço pago pode compensar bastante...

Por fim só nos resta sonhar. Mesmo achando que tais sonhos não se realizarão... O sonho faz parte de um improvável amanhã que você quer que aconteça hoje...