O LEÃO - LUIZ CARLOS F.RIVERA - ( DIVULGANDO OS AMIGOS)

** - O Leão - **

O personagem desta crônica me é muito caro. É uma destas pessoas que deixam a vida um pouco mais alegre, marcando a sua passagem por aqui com a sua irreverência e suas histórias, verdadeiras ou não. Mas isso não importa. O que vale é a capacidade de despertar a criança que fomos e de ressuscitar de repente velhas lendas familiares quase esquecidas. Não sei se as coisas aconteceram assim, mas de qualquer modo, esta é apenas uma pequena homenagem que faço á este personagem tão querido. Pois aconteceu que em uma fria e gélida madrugada, típica da cidade do Rio Grande, lá estava o nosso herói, abrindo caminho entre o denso nevoeiro, no rumo de casa. Vinha de lugar incerto e não sabido, ansioso para chegar ao lar, depois de algumas doses de um escocês de respeito, o que não abalou em nada a sua natural coragem e perspicácia. Naquela época a cidade se recolhia cedo, o que dava ás ruas antigas um certo ar fantasmagórico e desértico, assustador para quem não é do lugar. Com passadas rápidas, cruzou a Praça Tamandaré, ouvindo alguns ruídos estranhos que a neblina ampliava e aos quais não deu muita atenção, já que não era sujeito de assustar com qualquer coisa. Ao dobrar a esquina da Vitorino, lá estava ele: O Leão!!! Enorme, majestoso, com a juba real tremulando ao vento, boca escancarada, as enormes presas, olhando fixamente na sua direção. Deu-se o confronto de olhares entre o homem e a fera. Diz a lenda que o nosso herói sustentou firmemente o olhar do rei dos animais por muito tempo, até que, em uma rápida reavaliação da insólita cena, deu meia volta, pois achou melhor não conferir se tudo aquilo não era um sub-produto de algumas doses a mais ou era verdadeiro. Ainda ouviu o rugido da fera ao começar a correr sem olhar para trás, dando uma enorme volta e entrando finalmente em casa esbaforido, mas em segurança. Ao acordar os familiares, foi saudado com olhares de descrédito , pois estes não aprovavam as saídas noturnas com os amigos e que, diante do fato narrado, decidiram chamar com urgência o Dr. Barbosa, renomado Psiquiatra local e especialista nestes casos. Depois de muita conversa para convencer a família e o Dr. Barbosa que não teria que ser internado, foi dormir com o firme propósito de não mais beber. No dia seguinte, lá estava a manchete no jornal: “Leão foge do circo e é recapturado”. Na verdade, o bicho era manso, quase domesticado e foi dominado sem dificuldades pelo pessoal do circo, que o levou de volta á segurança da sua jaula. No fim de tudo, o nosso personagem, aliviado pela veracidade do fato, voltou á sua rotina das sextas-feiras, esquecendo a promessa de não mais beber, para irritação da família, mas tendo o cuidado de voltar para casa sempre de táxi ou de carona com algum companheiro de copo... Sabe-se lá o que poderia encontrar nas noites de Rio Grande... O fato tornou-se uma lenda familiar, sempre repetida, modificada de acordo com as circunstâncias, nunca negada ou confirmada pelo personagem. Prefiro continuar com esta versão e manter o herói e suas aventuras bem vivo aqui comigo. Um abraço bem forte, meu amigo, e espero que continues aventurando pela vida por muito tempo ainda. Cuidado com os leões...

Luiz C. Rivera – Livramento - 2004

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leinecy
Enviado por leinecy em 10/04/2007
Código do texto: T445009
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