NAPOLEÃO : - O IMPERADOR DO SENANDES- LUIZ CARLOS RIVERA - DIVULGANDO OS AMIGOS

** - Napoleão: O Imperador do Senandes - **

O que faz por aqui o exilado de Santa Helena? Será que foi assim? Para mim, ele se encontra lá na Praça Tamandaré, na Cidade do Rio Grande, nos confins do Rio Grande do Sul, contemplando a urbe em sua majestosa e clássica pose. Calma aí: não se trata de nenhum delírio. Falo apenas da estátua que lá existe e que é uma homenagem ao conquistador corso. Nunca soube o motivo do tal monumento lá estar , nem quem foi o artista que o moldou, e o interesse que tenho por ele se deve á outras lembranças, lembranças da minha infância. Quando eu era criança, o Napoleão era de fundamental importância para mim. Explico: entre Rio Grande e a Praia do Cassino, lá estava o Bonaparte, quase que no meio do caminho entre os dois lugares. Era uma espécie de marco que assinalava o estar chegando á praia ou o seu abandono depois de um domingo de verão. Lá estava ele: impassível como uma sentinela, assistindo ao vai – e - vem dos veranistas, e na minha fantasia de menino, dando ares de mistério ao lugar. O que fazia o tal personagem histórico ali? Nunca cheguei perto o suficiente para tocá-lo: apenas o olhava de longe, respeitosamente e de relance, acompanhando-o com os olhos até que se perdesse na próxima curva da estradinha do Cassino. A honra de ser o primeiro á ver o Napoleão era muito disputada pela gurizada e o vencedor sentia-se um privilegiado. Até hoje não sei porque o Imperador foi retirado de lá. Foi como se também uma parte daquilo que vivi na infância também tivesse sido removida. Não tem muita graça para aqueles da minha geração, que o Napoleão esteja entre patos e marrecos, no centro da cidade, contemplando apenas carros, ônibus e gente apressada. O seu lugar é, com certeza, lá no bucolismo quase rural e ainda misterioso do Senandes, com a importante missão de fazer com que as crianças de todas as idades continuem a brincar de descobri-lo. Um amigo que infelizmente já se foi, me dizia um dia, entre brumas alcoólicas, que pensava liderar um movimento pela volta do Napoleão ao seu lugar de origem. Não viveu para ver. Acho que ele tinha razão: O lugar do conquistador é lá naquela curva do Senandes, meio que escondido entre as curvas do caminho da estradinha do Cassino, não em Santa Helena, Paris ou na Praça Tamandaré. Acredito que aqueles que como eu viveram essa emoção, que só pode ser sentida com a alma de menino, também concordam. Tenho certeza também, que o Bonaparte, apesar da sua têmpera de conquistador, iria gostar. Como um guri crescido que sou, tenho direito de sonhar. Tenho também a convicção de que o sonho não é só meu.. Pertence á todos aqueles que como eu, foram crianças na Rio Grande de São Pedro e que tiveram que crescer um dia... Ainda hoje procuro esperançosamente o Napoleão naquela curva da estrada... Quem sabe seja o primeiro á vê-lo ...

Luiz Carlos Rivera – Livramento

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leinecy
Enviado por leinecy em 10/04/2007
Código do texto: T445017
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