É dose prá mamute!

Uma vez eu tive uma idéia, queria escrever um romance sobre os mares do sul.

Eu tive um sonho, sonhei que vocês leitores gostam muito de histórias, quando acordei observei que os textos mais lidos no RL ,são homenagens de aniversário. (Aí está uma forma de se ganhar dinheiro, escrever mensagens de aniversários.) E para diferenciar, um romance ou tentativa.

Escrevi como um abobado, cheguei a provocar um L.E.R. e me lembrei de minha vó que dizia que lesão por esforço repetitivo é frescura de mandrião.

Tinha um chefe de tribo, chamado Katacu, por alcunha de correio atrasado, mas um grande chefe e bom de briga. Com uma navalha cortava em quatro pedaços um abacate e entornava por cima sangue frio de uma donzela que não comera ,não ele, ela que precisava estar em jejum e ficava contando até trezentos e trinta e três ,porque não havia aprendido a contar mais.

De súbito, fiquei de frente da impossibilidade de saber a verdade, grandes coisa, afinal tubarão não tem pernas agora.

Deitei-me com as pernas pra cima, posição que me faz pensar melhor e refletir.

Pura bobagem ou em vão. Então procurei no dicionário na letra T , e não encontrei nada ..E para continuar o meu romance era-me necessário ter conhecimento sobre o assunto.

Porque, se naquele momento o tubarão saísse do mar e entrasse na floresta o chefe Katacu (por alcunha correio atrasado) não teria podido fisgá-lo, ou caça-lo já que estava em terra. E se por um acaso tivesse pego o Tubarão não teria colocado laranja e nem espalhado o sangue frio de uma virgem. Sua neta que geralmente anda nua e também é canibal, vestia um modelito quadrado com flores vermelhas e brancas e se chamava Nokomi e nunca teria encontrado Lamatá que vivia a procurar conchas.

E se Lamatá não teria sua fama de valente por ter teimado em aparecer em público com sua bunda tatuada com o desenho de uma escova de dente, que um pirata lhe dera.

O meu romance dos mares do Sul, grandes alegrias, antecipadas me deu, porem desabou assim por dizer aos pés do tubarão. Pra mim um grande desgosto .

Tive a intenção de dar ao livro o título: "Chefe nos mares do Sul, pega tubarão de pernas”. Achei pouco criativo e pensei em: "A virgem dos mares do Sul'.

Os três capítulos que escrevi atualmente estão sendo usados como calços de mesa, para impedi-la de balouçar.

Quando comentei que iria escrever um romance sobre os mares do Sul, me perguntaram se eu conhecia.

-Lá?Nos mares do Sul?Não, nunca estive lá. Porque tenho somente que escrever sobre os lugares que conheço?

Claro como o sol!

Eu sei que um dia a criada que nunca tinha visto assar uma galinha, no Natal, colocou o peru no forno com pena e tudo!Por acaso vocês estão pensando que escrever um livro é a mesma coisa que assar um peru?

Os meus mares do Sul, meu canibal, meus corais, a virgem isto tudo vai acabar como o peru... fedendo no forno!

Fico aqui pensando, se Schiller nunca foi a Suíça, não poderia escrever Guilherme Tell, É, acho que romance não é o meu forte!Alias antes que esqueça Schiller nunca foi a Suíça, mas foi preciso em tudo. E outra novidade ele quando começou a escrever. escrevia receitas. Isto mesmo livros de cozinha.

Então me voltei para pensar, coloquei os pés pra cima, olhei para a lua que surgia quem sabe minha inspiração não estaria lá com ela? Com o pensamente disse-lhe:

Desça venha até aqui, quero escrever um romance sobre os mares do Sul e ainda estou no terceiro capítulo. Nada. Só descobri que quando a gente deita no chão , as coisas mudam.A gente vê como é a cadeira por baixo,a aranha que fez uma pequena teia,cinza de cigarro no canto,vi até uma meia que havia perdido um pé, no canto do balcão.

É extraordinário o que a gente vê, quando toma uma posição de visão diferente.

Vou parar ficar quieto. As idéias, recordações e inspiração não suportam movimentos bruscos. E se fizemos elas demoram um tempão para voltar.Agora escrever o que queria sem conseguir, eu me aplaudo.Precisei de muita coragem!Ou como diz meu personagem chefe Katacu “Quando a idade pega, a gente não pega, nem tubarão de pernas”!