Brinquedos Playmobil

A porta daquele armário, na despensa, estava sempre trancada. Cássio ali guardava, ciumentamente, quase a “sete chaves”, a sua coleção de brinquedos playmobil. Não era uma coleção completa mas ele cuidava bem de todas aquelas peças. O Forte Apache, com oito soldados, um canhão e demais apetrechos, parecia ser o preferido.

Saulo sonhava em poder um dia brincar com todos aqueles bonequinhos sem ninguém a censurar-lhe a cada instante. Era o que ele mais queria. Todos os dias, verificava se, por um descuido, Cássio deixara a porta aberta, ao sair para a escola. Que nada! E frustrado, deixava aquele cômodo.

Ele também tinha os seus, mas eram poucos e já estragados. Como tinha apenas quatro anos, não era cuidadoso com todas aquelas pecinhas miúdas, que representavam os acessórios e que, com tanta graça, compunham cada bonequinho: lencinho, espada, laço, chapéu, maletinha, colete...

Mas sempre existe “um dia do descuido”! Cássio participava da equipe de natação no Estrela do Oeste Clube. Treinava bastante porque ia disputar um campeonato em Lavras. Todo empolgado passava momentos só pensando no dia da viagem. Dava gosto vê-lo naquela expectativa, todo feliz, organizando a mochila e antecipando a alegria da vitória.

Finalmente chegou o dia e ele saiu cedinho para encontrar-se com o grupo na porta do Clube.

Logo que se levantou, Saulo foi à despensa e todo contente já estava de posse do objeto mágico que abria aquele armário: a chave! Centrado na viagem, Cássio esquecera-a bem na fechadura!

Nossa! Foi a maior festa. Esse dia ele nem quis almoçar. Não poderia perder tempo. Com os olhos brilhando, ia pegando cada objeto da coleção e não arredou pé daquele quarto. Pintou e bordou. O tempo passou mais rápido naquele dia. Começou a escurecer. Saulo suspirou. Que pena! Os brinquedos voltaram para o armário novamente, um a um.

Cássio chegou mais tarde de sua viagem, cansado, mas feliz, porque conseguiu “fazer bonito nas águas”. Saulo já estava no país dos sonhos, decerto dando continuidade à bela aventura do dia anterior.

Cássio foi direto para o quarto e dormiu profundamente. Quando amanheceu, abriu os olhos e viu que o irmãozinho estava sentado em sua cama, de plantão, a contemplá-lo. Para quem sabe ler um pingo é letra e tudo ficou muito claro para Cássio, quando Saulo deu-lhe os inusitados cumprimentos:

- OI, CÁSSIO, TUDO BEM?!...

***

Frei Dimão, severo como sempre:

Parada com a escriptura

venho lhe dar a ciência:

vem logo pra gozatura

da sagrada penitência.

Frei Dimão

***

Que sejam suaves as penitências, Frei Dimão, pois, as pesadas, a vida já nos dá. Obrigada pela participação. Um abraço.

Para os pecados presentes

e para os futuros, também

a penitência, entrementes,

vou cobrando, como convém.

Frei Dimão

***

Frei Dimão, o portão quebrou-se. Não sei porque. Devia estar carunchado, né?

Tempo faz que não digitas

e eu pensando que é solidão

mas procedes como as cabritas

ou são os namoros de portão.

Frei Dimão

***

Frei Dimão, na roça também tem portão, mas confesso-lhe que está uma caquinho. Se nele der uma encostadinha, ele cai...

Às minhas admoestações

sei que fazes vista grossa

vives beirando os portões

e dizes que estavas na roça.

Frei Dimão

***

Sei que se vem aí teu aniversário

e esta mensagem vai com toda urgência

avizinhe-se de um confessionário

para receber minha penitência.

Frei Dimão

***

Por seu meu aniversário

Livrai-me da penitência

Troquemos o confessionário

Por uma gorda indulgência.

Nanda

***

Frei Dimão, eu tenho muitas saudades do tempo que brincava no paiol na Fazenda de meus avós! Sei que você também já brincou no paiol e deve sentir saudades...

Sei que pela roça andaste

à busca de um bom sol

mas nada me falaste

do que rolou no paiol...

Frei Dimão

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 27/08/2013
Reeditado em 24/09/2013
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