A VIDA É ÓBVIA, NÓS COMPLICAMOS!
 
 
 
Não há como se livrar da obviedade da vida. Não há outro caminho a seguir senão aquele que escolhemos trilhar. Queria poder não olhar para trás, valorizando fatos passados, angustiando-me da falta de expectativas. Queria levar a vida “no mole”, sem correria, com menos seriedade diante das adversidades. Queria saber valorizar minhas escolhas, na certeza de que elas foram conscientes. Mas, que nada!
 
Entre um tempo e outro, vou tendo a certeza, cada vez mais, de que eram as únicas alternativas que me restavam. Queria saber de mim, a cada passo que dou, sem nenhuma hesitação. Mas as cobranças (muito mais de mim mesma que de outrem) impedem-me a clareza da percepção.
 
E, como deitar-me na rede à varanda da casa, perder-me ao largo do horizonte, saber apreciar a beleza do universo, o clarão da lua, o brilho das estrelas se  me esqueci de tudo isso? Saber que há um mundo desconhecido, enigmático e surpreendente lá em cima (ou será embaixo?) não me livra do peso de minha existência. Não faz-me melhor (nem pior) do que eu sou.
 
(*) Acendo um cigarro, sorvo o último gole do vinho chileno que já acentuou em mil vezes o sabor, de há tanto tempo guardado, e não consigo fazer a cabeça girar. Minha insistente consciência, sempre atenta, não me permite embebedar-me. Nem mesmo a canção em baixo tom, falando de amores, perdas e danos, me faz enxergar, com mais interesse, a beleza do mar que se descortina a minha frente. Ao terceiro bocejo, deixo tudo como está (até os mistérios da noite) e vou dormir. Entregar-me ao sono é o que me resta para sonhar e esquecer. Esquecer os beijos que não dei, as intuições que insisti em não seguir; a vida, enfim, que deixei de viver!
 
 

 

 


 
(*) Delírios de uma madrugada sem sono. Não bebo nadica de nada e também não fumo (nada!)

""ÓTIMA QUINTA-FEIRA A TODOS!""