Cassar ou caçar?
 
 
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Um amigo  me contou que, em São Paulo, um prédio caiu. Já estava em perigo antes, alguém tinha sentido um pequeno tremor. Tinham de parar, não pararam. E mais, segundo o jornal, “o pintor Gleisson Feitosa, disse que a estrutura da obra ‘estava fraca’. De acordo com o funcionário, que estava no momento da acidente, o fato já havia sido avisado aos responsáveis pela obra que ‘pediam para continuar". Como é possível, no mundo de hoje, acontecer uma coisa dessas? Pessoas inocentes, pobres pessoas trabalhando para sobreviver, ficarem ali, soterradas, mortas por um desleixo, por ganância?
Ah, a ganância, que coisa triste. Mais sobre a tal da ganância. Quem lê jornal, viu a notícia sonbre o tal de Donadon, o deputado que está preso. Coisa rara, sem dúvida. Está preso porque desviou dinheiro público. O vocábulo “raro” é para o fato de estar preso e não para o fato de desviar recursos, é claro. “Desviar” é mesmo um belo de um eufemismo, não é? Por falar em figuras de linguagem, temos outra, no que se refere ao caso. Não sei se é ironia ou metáfora. O nome do ilustre parlamentar, Donadon. Significa, em Latim “presenteado”, “dado”. Não é demais?
 
Interessante como as notícias se cruzam ao longo da vida. Posso até especular um pouco agora. Quando disseram aos responsáveis pela obra que o prédio estava tremendo, eles devem ter pensado: “treme mais não cai”. O que eles não sabiam que isso só se aplica ao Congresso Nacional. Estou dizendo isso porque, o tal de Donadon, ou “presenteado”, depois de preso e algemado, conseguiu ir até a Câmara e fazer lobby para não ser cassado. E conseguiu. Voltou algemado para a cadeia com seu mandato e tudo mais. Esse é dos bons. A única conclusão a que posso chegar é que prédios comuns que tremem, acabam caindo. A câmara dos deputados pode tremer à vontade, que não cai, de jeito nenhum. Estão todos unidos, na mesma  emoção...quero dizer, corrupção. Estava me confundindo com o hino da copa de 1970. Só há um jeito. Já que esses aí não podem ser cassados, quem sabe poderíamos talvez, caçá-los? Essa letrinha faria uma bela diferença...
 

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