APOSENTADORIA JUSTA E MERECIDA

APOSENTADORIA JUSTA E MERECIDA

O cara levanta reçaqueado, com um gosto amargo na boca. Também pudera passou boa parte da manhã bebendo umas e outras. Mas não tem nada não, hoje faz vinte e cinco anos, que ele levanta quando o sol vai se deitar, todo santo dia! para pegar no batente às 18:00 h, sem choro e nem vela.

Ainda assim dá um sorriso, pois lembrou que amanhã poderá dar entrada na aposentadoria justa e merecida; pois sua profissão é caracterizada por periculosidade e insalubridade.

Com a mão bate a poeira do blusão, alisa a calça verde oliva, lustra o coturno engraxado, mas já gasto pelo uso; ajeita o cinturão na cintura. E enquanto lubrifica o gatilho do revólver, calibre 38, pensa: “nestes vinte e cinco anos de luta, meu fiel companheiro, nunca falhou, sempre que precisei você resolveu”.

Volta ainda mais o pensamento para a primeira vez que atirou. Nem lembra porque, só sabe que ficou nervoso. O atirado morreu, ficou sabendo muitos dias depois, por um colega de profissão. Não sabe quantas vez precisou atirar, para matar...

No lusco-fusco da noite invadindo o dia, ele sai á rua disposto a cumprir, com o risco da própria vida, seu papel na sociedade. E a oportunidade surge na primeira esquina. Um transeunte de terno e gravata, levando uma maleta á mão.

Nosso herói atravessa á sua frente e ordena:

- Mãos ao alto! Isto é um assalto!

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 30/08/2013
Reeditado em 30/08/2013
Código do texto: T4458428
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