EFICIENCIA EM PALCO

A cortina abre e destaca-se no palco a presença da bailarina cadeirante. Ela usa malha branca que esconde o seu corpo pequeno, esquálido e frágil. Está acompanhada de um bailarino que aproxima-se retira-a da cadeira de rodas e a conduz ao centro do palco. Ali sob as fortes luzes avermelhadas ela é suspensa pelo seu par, o seu corpo paralitico rodopia e acompanha o grupo de bailarinas, numa coreografia alegre e festiva. Suas colegas de cena pegam suas pernas e imitam um andar. Fazem um cordão humano, unem os braços e erguem-os, sobre os quais a "pessoa especial" é lançada num voo único, excepcional !!! Palmas,assovios!! Ela dança com a alma, com o espirito e com o coração, e nesse momento, o menos lembrado, com certeza, é a sua condição física...

Para a apresentação seguinte, um ballet clássico, entram em cena diversas bailarinas, todas usando lindos vestidos de tule lilás, na cabeça guirlanda de flores. Em um dado momento todas sentam formando uma roda e então entra em cena uma outra bailarina, que estivera aguardando sentada no fundo do palco. Usa uma saia estilo "titi" e é conduzida ao centro do palco. Gritos, aplausos, momento magico !!! ela dança o seu solo... a bailarina cega*é ajudada a retornar ao seu lugar ao som de "quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar..."

Nesse momento, em que a eficiência supera a deficiência, eu estou ali na primeira fila assistindo a tudo e chorando....

"Sul em dança"

set/2013