Coitado

Coitado

No botequim do Geremoaldo, Policarpo Silva cuspindo marimbondo, gesticulava e gritava:

Ta pensando o que? E os direitos do contribuinte?

Geremoaldo tentando apaziguar disse:

O que foi homem! Que bicho te mordeu?

Vê se pode Gere! Fui à Prefeitura para legalizar o barraco, dei de cara com um aviso: Ofender o funcionário público é crime, sujeito a detenção de 3 a 6 meses de reclusão. E ser descriminado e desrespeitado pelo funcionário é o quê?

Um sujeito esquisito com cara de intelectual retruca:

Respeito é bom e eu gosto, não estou ali para ajudar e sim para fazer o meu serviço.

Policarpo soltando fogo pelas ventas, grita!

Que serviço? Ali ninguém faz nada, fica um empurrando para o outro, e depois te mandam passar na semana seguinte, porque o chefe não teve tempo para assinar.

Devia estar escrito naquele aviso “Aqui fazemos valer os seus direitos”.

Uma velhinha que tentava comer uma daquelas coxinhas que grudam na boca, grita!

Oh! Coitado!

Voltaire Varão