DO OUTRO LADO DO MURO

Era branco e alto o muro que dividia o fundo do quintal do vô Dorvalino com as terras dos Manganês. Havia um buraco no muro, mas essa travessia, escondida por galhos e arbustos, era conhecida apenas pelo pequeno Tonico, menino esperto que com sete anos tinha o hábito de esconder-se, sempre que, após uma arte, o medo da cinta o fazia partir em disparada para aquele que passou a ser o seu esconderijo.

Para lá também o menino se dirigia quando o seu coraçãozinho infantil chorava de saudades da menina Rosamara, que mudara-se para a cidade grande, onde o pai empresário rico, estabelecera comércio. Nessas ocasiões de medo, tristeza ou saudades o menino permanecia horas, as vezes quase o dia todo, ali, do outro lado do muro. Nessa época, não havia a preocupação com assalto ou sequestro, males estes que acompanham a geração tecnológica.

Tonico cresceu, e agora, Doutor Antônio Dias, retorna

ao lugarejo da infância. O muro velho continua ali, com a mesma passagem, por onde o cavalheiro de trinta anos atravessa apertado, mas encontra do outro lado a mesma magia, a mesma paz que se fez conselheira durante tanto tempo na sua infância.

Quando as avalanches da vida nos afrontam, trazendo uma gama de situações das quais não podemos fugir, quando a dor e o medo nos assolam revelando a nossa impotência..... é necessário lembrarmo-nos que existe um Pai Maior que nos dá a paz e a força e que, embora ele esteja em todos os lugares, é muito bom, nessas horas, transpormo-nos para a o outro lado do muro....

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 11/09/2013
Reeditado em 12/09/2013
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