Terminal de Passageiros.

Nossas vidas são imensos terminais de passageiros. Pessoas que num desassossego incessante cruzam-se para todos os lados e outros numa lassidão irritante. Tem os que chegam trazendo flores, sorrisos abertos, braços abertos, corações abertos. Os que trazem esperanças, que geram expectativas e nos conduzem pelas mãos. Tem os que nada trazem, nada geram, são rabugentos ou se tornam rabugentos. Tem os que partem como se não tivessem chegados, os que não marcam território, não se fazem notar, não se enturmam.

Tem os que foram para o andar de baixo e dizemos que foram para o andar de cima. Esses compraram passagens só de ida e via de regra levam muito de nós e deixam tudo, inclusive uma saudade (que no dizer de um ex-ministro da República) “inmorrível”.

Tem os que são ímãs: Atraem sempre. Os grudentos (é o meu caso), os que arrastam com um carinho inebriante, os que prendem e os que sufocam. Tem os poetas!... Ah os poetas! Os encantadores da alma que se transformam em achas no frio.

Tem os distraídos, que embarcam sem bilhetes, pegam o ônibus errado e descem antes do final do percurso.

Tem gente miúda, gente pequena no tamanho e de atitudes gigantescas. Gente nova, pessoas idosas, gente prolixa e gente silenciosa e não raro essas são sábias.

Tem os vendedores de bugigangas, quinquilharias, que nos oferecem coisas que eles não têm. Tem os joalheiros que exibem peças que não podemos ou pensamos que não podemos comprá-las. Tem os sorveteiros que nos refrescam o paladar e os iluminados que nos refrescam a alma.

Há os intolerantes e os intoleráveis, os gentis e os gentios, os que a gente gostaria que se mandassem e não se mandam. Os que a gente gostaria que ficassem e não ficam. Têm os saudáveis e os enfermos, os que cantam e os que choram os que se abraçam e os indiferentes, os que acolhem e os que migram. Têm os que partem para perto e se comportam como se fossem para o fim do mundo e os que vivem ali mesmo sem partirem para lugar algum. Têm os nostálgicos, os desvalidos, os elegantes, os que buscam novos horizontes, os esperançosos. Os orgulhosos conduzindo grandes e bonitas malas e os sem mochilas, os sem destinos, os andarilhos.

Um dia, por qualquer motivo esse terminal será fechado e os passageiros iram procurar outras plataformas para seus destinos....

Um Piauiense Armengador de Versos
Enviado por Um Piauiense Armengador de Versos em 15/09/2013
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