SER OU SER

Diante de certas expectativas e frustrações que vivencio diariamente comecei a pensar na real vontade que temos. Na espera de uma sobrinha que vem pra animar os corações da minha família, e o meu claro, comecei a pensar e imaginar certas situações onde eu possa dar um conforto de um verdadeiro Tio.

Conforto esse que é a base para que as relações, sejam elas quais forem, tornem-se mais sadias e sinceras. Acredito que a maioria das pessoas tenha certas dificuldades no convívio social por uma falta ocasionada lá trás, na nossa infância ou adolescência: falta de espontaneidade

Falta de naturalidade no modo de ser, agir, pensar e se entregar.

Falta de assumir por inteiro os anseios, desejos, vontades e gostos.

Somos a todo instante barrados, travados, podados por leis e valores morais que muitas vezes nos são impostos sem saberem se queremos, sem a nossa opinião, aceitação ou mesmo submissão. Como se pode ser realmente quem é se as formas pra se chegar a isso são mais sofredoras do que passivas?

Acho que tudo vem lá de trás, do início da vida, do convívio, dos aprendizados. Reparo que aprendemos pelo erro e não pelo acerto ou motivação. As pessoas nos dizem quando erramos para não fazer mais aquilo e, assim, muitas vezes aprendemos o certo pelo errado.

Aprendemos e já começamos a ser moldurados pelos nossos pais, amigos, colégios, familiares que a todo o momento nos fazem ser parte de um ciclo julgando ser o certo, quando na realidade a nossa real vontade pode estar totalmente voltada pra outros afazeres e seres.

Vamos crescendo sempre com uma corda no pescoço que controla nossas atitudes, que nos limita diante de tudo que possamos fazer durante nossos dias, nos reprimi, a maioria das vezes sutilmente e sem a percepção de quem o faz. Não por culpa de ninguém, ou talvez por falta de atenção de todos, somos mais moldados do que criados.

Desde pequenos somos ensinados a pensar, agir, corrigir, atuar num personagem que muitas vezes não conseguimos mais nos distanciar, e acabamos achando que faz parte de nós. Na verdade nosso real ser são sentimentos internos que sempre, ou quase, foram modificados sem que fossemos perguntados.

A cada dia que vivo reparo que as pessoas, e eu, somos frutos de criações gerais onde o importante não era aguçar os verdadeiros modos da personalidade de cada um, e sim ser um exemplo social, moral, de orgulho para os outros. Amigos, professores, pais, parentes, conhecidos, todos nos fazendo agir de uma forma não voluntária pra nos sentirmos inconscientemente aceitos.

Na verdade a maior aceitação vem de nós, quando encontramos com nós mesmos sendo quem queremos ser sem que atrapalhemos o outro, quando podemos soltar as correntes que nos colocaram até então e vemos que sendo autênticos podemos agradar da mesma forma.

Somos únicos, individuais que anseiam por sonhos diferentes, que querem se encontrar cada vez mais porque nos fizerem perdidos dentro de nó mesmos. O que de mais precioso existe em cada um é muitas vezes o que mais se tira quando estamos crescendo, sem saberem que assim estão nos distanciando de nós mesmos: nossa naturalidade.

Um dia nos olhamos nos espelho, percebemos se estamos sendo por nós ou pelos outros e tudo que aprendemos colocamos em pauta pesando nossa felicidade ou capacidade de alcançá-la, e assim começamos a nos olhar sem medo de nos assumirmos.

Quando nos deparamos com essa carência, essa naturalidade interna que nos foi separada, só temos uma coisa a fazer, daqui pra frente: ser ou ser.

E que eu consiga proporcionar à minha sobrinha momentos de total felicidade.

VISITEM : http://atorsid.zip.net/

Sidnei Oliveira
Enviado por Sidnei Oliveira em 13/04/2007
Código do texto: T448788