Folgado...

FOLGADO!

Carlos, como sempre, saiu de casa apressado. Detestava ter que ir ao centro! Mas naquele dia, não tinha como escapar. Precisava ir pessoalmente ao banco, resolver alguns problemas. Já estava irritado, quando, ao abrir a porta da sua garagem, se deparou com um carro parado bem em frente. –Desculpa aí, tio, já estou saindo. Parei aqui um segundinho só, para esperar a minha irmã que está na casa aqui da frente, que é de uma amiga dela. O senhor vai sair? Dá um segundinho só, para eu descer o carro um pouco. Carlos xingou, esbravejou. –Com tanta vaga por aí, teve que parar bem em frente a minha garagem? Folgado. O rapaz já não o ouvia mais. Soltou o freio de mão, e deixou o carro descer um pouquinho, liberando assim a frente da garagem do Carlos.

–Nossa, que senhor mais estressado! Logo pela manhã, nesta irritação!

-Que rapaz mais folgado! Tinha que estacionar bem em frente da minha garagem?

-Carlos ligou o carro, saiu da garagem, acelerou, e foi embora. Não sem antes parar ao lado do carro do rapaz, xingar bastante. Para demonstrar o quanto estava irritado, saiu cantando os pneus, e bem rápido. Tão rápido, que nem parou na esquina, e quase provocou um acidente com um outro carro que passava. Durante o trajeto, Carlos foi ruminando sua raiva. Pensava na atitude folgada daquele rapaz, de como as pessoas estão ficando cada vez mais egoístas. Concluiu que é devido a atitudes assim, que o mundo está cada vez mais estressante e caótico. Ficava realmente indignado quando era vítima destes espertinhos! Chegou na rua onde ficava o banco que precisava ir. Procurou por uma vaga, e como já antevia, desde que saiu de casa, esta seria uma procura exaustiva. E irritante! Ai! Se ele pudesse, não teria nem mesmo saído de casa. Algumas motos estavam paradas de tal maneira, que ocupavam praticamente a vaga de um carro. Quanto egoísmo! Pensou Carlos. São estas pessoas individualistas que colaboram para este caos que está o trânsito. Depois de perambular por alguns quarteirões, avistou uma vaga. Quando chegou perto, nem mesmo se preocupou em ligar a seta, avisando sua intenção. Estava com pressa! Colocou a frente do carro já direcionada para entrar. Havia um outro carro, um pouco a frente, com a seta indicando que iria manobrar para estacionar naquela vaga. Carlos fez de conta que não viu. Entrou com o carro, estacionou. O motorista da frente ainda buzinou desesperado. Carlos fingiu que não ouviu. Desceu do carro, ligou o alarme e foi caminhando em direção ao banco, sem olhar para trás.-Quem manda ser roda dura? Eu entrei primeiro, portanto! Não sei qual o motivo desta irritação! Moço estressado! Nossa, e logo pela manhã já está assim! Carlos, na verdade, deu até um sorrisinho. Sentiu uma pontinha de satisfação.Tinha sido mais esperto que o outro motorista. Estava até mesmo orgulhoso. Quando se encontrasse com os colegas, não perderia a oportunidade de contar aquele episódio, contando o quanto foi esperto, morrendo de rir. É sempre engraçado e muito satisfatório passar alguém para trás!!!!!