A Grávida

Entrei correndo no elevador, como sempre atrasada, dessa vez trinta e cinco minutos. Quando reparei havia um misto de uma menina mulher, linda, morena de olhos claros, com os cabelos castanhos com reflexos mais naturalmente feitos pelo sol e com uma pele que só os hormônios do início da gravidez prorcionam, com seus dezoito ou dezenove anos, a mostra, exibindo uma barriga de mais ou menos quatro ou cinco meses de gravidez.

Fiquei olhando para aquela linda mulher com a sua barriga também linda e sua dona orgulhosa de estar carregando uma vida, uma pessoinha, com toda certeza de que o milagre da Mãe Natureza a havia premiado com aquele filho, privilégio único de algumas de nós mulheres.

Fiquei imaginando onde eu estaria naquele momento se a situação fosse inversa, provavelmente em uma loja escolhendo o mais lindo enxoval para o meu filho querido, ou bordando roupinhas, mantas, fazendo crochê em fraldas, com certeza seria tudo bordado por mim e a mão. Pensei se teria o mesmo orgulho, o mesmo brilho no olhar, se o pai estaria feliz ou me abandonaria. Depois passei para a decoração do quarto, com certeza faria muitas mudanças na minha casa, como seria o berço, o guarda-roupas.

Perdida nos meus sonhos, de repente acordei com o anúncio de que meu andar havia chegado. Saí do elevador meio anestesiada e caminhei lentamente para o consultório da minha ginecologista, com ultra-son, ecografias, tomografias. Caminhava com o meu sonho destruído, totalmente sem esperança, torcendo para ouvir que apesar do relógio biólogco estar me avisando que eu ainda teria alguns anos pela frente para a maternidade, esperava ainda ouvir sem qualquer esperança a doce notícia dessa remota possibilidade.

Suzanna Petri Martins
Enviado por Suzanna Petri Martins em 14/04/2007
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