Arma de Caça

O medo é uma das coisas mais – senão a mais – interessantes do mundo.

Eu digo do mundo porque não é um sentimento estritamente humano. Todos os animais sentem medo.

O medo nos olhos de um filhote de zebra antes do ataque do tigre é tão palpável quanto o medo de um ladrão ser pego num furto, com a boca na botija.

O medo é o denominador comum das almas solitárias. É ele quem alerta sua consciência sobre todas as loucuras que seu inconsciente se propõe a fazer.

Mas você diz que não.

Eu não digo “não”. Deixo tudo que eu sinto canalizar do alto da cabeça e dos ventrículos do coração até as pontas dos dedos. Deixo que as borboletas façam a festa no meu estômago, deixo que os dedos fiquem frios, suem. Eu permito as batidas arrítmicas do meu coração.

Eu não digo “não” porque não tenho medo de sentir assim. Eu tenho medo é do seu medo. E qual medo pior que não saber do que se temer?

Lorena Trevisanuto
Enviado por Lorena Trevisanuto em 26/09/2013
Reeditado em 26/09/2013
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