Vazio

Há algum tempo, um amigo disse: “Hoje acordei me sentindo vazio. Sabe o que é sentir-se vazio?”. Não sei, não lembro o que respondi. Mas, ainda reflito muito sobre essa afirmação.

Sentir-se vazio pode ser isso que sinto, sábados à noite, quando na TV não existe nada suficientemente motivador para me prender. Quando me parece mais interessante sentar-me diante do computador , jogando paciência, em suas diversas modalidades, free-cell, ou outros dos tantos jogos que a Internet oferece.

Sentir-se vazio, pode ser também, ficar sentado diante de um televisor, sem, no entanto, ver nem ouvir o que está se passando na telinha. Ou abrir inúmeros e-mails, slides, que proliferam como ervas daninhas, contendo as mesmas mensagens de auto-ajuda, ou auto-punição.

Acho que foi o mesmo amigo que falou, em outra ocasião, que os livros de auto-ajuda, ajudam somente aos seus autores, pois raramente seguimos os conselhos que eles contêm. Isso talvez, também seja uma forma de sentir-se vazio.

Isso me levou a um dito popular: “Saco vazio, não pára em pé”. Isso vale para o vazio existencial. Quando me sinto assim, vazia, sinto-me fraca fisicamente. O vazio interior nos derruba, nos fragiliza, nos expõe.

Há sempre quem parta imediatamente para as mais profundas reflexões, quando afirmamos sentirmo-nos vazios. Conjeturam sobre nossa imensa infelicidade, quando na verdade, estamos apenas vivendo um momento em que não desejamos fazer, nem sentir coisa alguma, a não ser, dar vazão à coisa alguma.

Não desejamos criar, nem pensar. Apenas nos sentimos vazios. Por momentos. Depois de expurgado o vazio, a vida retorna, plena, vigorosa.

Amanhã é domingo. Talvez seja mais um dia vazio, mas será de um vazio diferente do de hoje. Até no vazio, pode existir criatividade.

Vou refletir mais um pouco, sobre isso.

14/04/2007