OLHARES

Repare-se no simples e agradável, no belo espiritual. No suave que afaga o coração da gente. Olhe-se para o olhar da mãe ao comtemplar o filho à hora em que lhe sai do ventre, no instante de o amementar pela primeira vez. Que luz, que paz, que amor, que felicidade nesse olhar!

Vejam-se o pai e a mãe pondo o filho a gatinhar, a ensaiar os prmeiros passos: - “Dandar, dandar... Caminhar pra ganhar vintém. Papai é pobre e mamãe também”.

E logo mais o pai ensinando o pequeno a bater a peteca, a chutar a pequina bola, a empinar a arraia. A mãe com a filhinha no croché ou no bordado, no tricô. Como é suave o olhar neste momento, como é leliz! Parece que fala a Deus e aos anjos, à felicidade, ao mundo sensível do homem - o coração.

Contemple-se depois o pai ou a mãe, mão na mão da criança conduzindo-a a escola. Atente-se ao cuidado da mamãe acompanhando e orientando a sua cria nas tarefas escolares que traz como dever de casa.

Os moços no altar, o padre... Cerimônia nupcial.

Agora, ao filho (ou filha) - dizem os pais, sorriso nos lábios:

- A vida é tua! Deus nos conceda muitos netos. Mas não esquece que a casa de teus pais continuará sempre tua. A cama estará sempre à tua dissposição no mesmo lugar. Qualquer dor de cabeça já sabe, bate lá.

Observem-se os dois em lua de mel: as areias da praia rebrilhando ao sol e as águas do mar no seu permanente mover-se, maré alta, maré baixa. Os jovens se divertindo. E o rio encachoieirado descendo e molhando a terra de plantação. Vida rural, os dois na lavoura.

Vede senhores, as estrelhinhas no céu piscando, piscando... Piscando para os olhos dos dois. Para os nossos olhos também, o meu, o vosso. São beleza pura, às vezes fantasia. As estrelinhas no alto e a gente imagina:

- Será uma terra cada uma delas e nessa terra há gente? Alguma será sol de outras terras iguais à nossa?

E a lua cheia? Grande e redonda, bonita, vaidosa como as mulheres! A gente tem uma vontade voar para chegar a ela...

Olhai senhores, com olhar de amores, com um olhar de lucíolas as belezas e os intricados da vida! É como se a gente olhasse para a eternida.

16-10-2011