Soprando velinhas...

Havemos de convir!

Na vida, seja qual for a forma que escolhemos para seguir, não há aquele (pelo menos penso assim...) que não tenha ao menos por uma vez, nem que tenha sido de uma forma fugaz e passado despercebido, se deparado com um evento que o marcou.

Plagiando um antigo e já falecido dirigente de um expressivo clube de SAMPA, “devo de dizer” que, Graças a Nosso Ente Superior, tenho me deparado, desde a tenra idade, com situações marcantes que fazem parte de minha história!

Situações alegres, situações tristes, situações melancólicas, situações estressantes, situações eufóricas, situações de incompreensão, situações inusitadas, situações repetidas, situações de amor, situações de carinho, situações de amizade, situações de desamor, situações de respeito, situações de extremo desrespeito...

Vou focar-me nas últimas situações acima referidas...

A existência seguiu seu curso, assimilando modificações, avanços, altas tecnologias, mudanças comportamentais, independência total no relacionamento entre os seres ditos humanos e civilizados...

Normal e totalmente aceitável a evolução e autonomia auferida pelos jovens que, cada dia mais em maior quantidade, aplicam regras e comportamentos que soam e refletem aos olhos das gerações que os antecederam, chocante e por vezes até agressivas...

Nos noticiários em geral, percebe-se claramente que o cotidiano está sendo extremamente invadido por situações que não conjuminam com práticas que, sob uma ótica de normalidade, seriam consideradas absurdas.

Após a quase total achincalhação da entidade CASAMENTO, o que se vê em grande profusão são as situações de desrespeito e agressões gratuitas e explícitas às normas de ética, moral dos bons costumes e, o que choca para mim em maior dimensão, ao desrespeito com seu semelhante!

Não raro estamos tendo noticias de acintes praticados pelos seres humanos contra seres humanos, sejam eles crianças, idosos, deficientes, doentes, ricos, pobres, mendigos...

Alie-se a isso o fato de o desrespeito atingir o âmago das próprias ‘falidas’ instituições familiares, com filhos desrespeitando pais e vice-versa, irmão degladiando-se com irmãos, com desfechos por vezes impensáveis sob uma ótica razoável, que passam por assassinatos, abusos sexuais, sequestros, cativeiros, etc...

Nos ambientes escolares, a aparente ‘majestade’ com a qual eram referenciados os Mestres, tornou-se um martírio para alguns que, à revelia de realização pessoal pelo fato de terem afinidade com suas missões, suspiram e tem de manter extrema concentração quando enfrentam as autênticas feras nas quais se transformaram os discentes atuais.

Por essas e outras, ouso adentrar e tecer algumas considerações acerca deste árduo e perigoso caminho, tentando estabelecer uma análise acerca das mais evidentes razões que levaram tão importante parcela profissional a um desgaste quase total e que, por vezes tendem a ‘jogar tudo para o alto’ sem qualquer resquício de perspectiva de, senão uma volta aos antigos ‘modus operandi’ do relacionamento docente-discente, pelo menos de um tratamento mais respeitoso considerando o que ofertam em relação a uma formação mais próxima da ideal para dar subsídios para enfrentarem em igualdade de condições suas lutas pela sobrevivência na insana luta diária que terão de realizar.

Tenho minha própria opinião acerca dos tipos de docência, baseada de forma fática em minha própria incursão como discente ao longo de minha longa existência. Já tive oportunidade de citar minha visão para alguns Mestres, que podem não ter concordado de forma total, mas, que se absteram de qualquer opinião contrária.

Acredito que há Mestres que são e aqueles que estão Mestres. Para mim, são Mestres aqueles que, mesmo com a atual situação do ensino, como todo o desrespeito que lhes dedicam muitos discentes para os quais, tem somente de passar por uma formação, sem muito comprometimento com a assimilação dos conhecimentos que lhes procuram repassar, aplicam suas estratégias no sentido de, na medida do possível, separar o joio do trigo, ‘pescando aqui e acolá’, joias raras que se destacam entre aqueles que, literalmente, ‘não querem nada com nada’!

Estão Mestres, aqueles que ‘enxergam’ a docência como uma alternativa ‘B’ em sua busca pelo ‘vil metal’. Em realidade, tem como atividade principal (e mais rentável...) seus próprios negócios, seus próprios escritórios, uma polpuda aposentadoria, etc.

Então, denota-se claramente que, embora sob todas as dificuldades que lhes são apresentadas pela atual situação educacional, os Mestres que não tem sua atividade docente como alternativa ‘B’, suplantam em qualidade aqueles que as tem como alternativa ‘B’, haja vista o não comprometimento/interesse para que o docente assimile ou não o que lhes é repassado!

Está registrada em minha mente, interessante conversa que mantive com uma de minhas mais esforçadas Mestras, pela qual reputo o mais alto respeito, consideração, respeito e carinho. Emocionalmente e fisicamente esgotada com toda a sua lida diária, com seus alunos imiscuídos dentro da sala de aula, com conversas, sorrisos, citações indevidas, olhou para mim e contou:

--- Quando meus filhos estão indóceis, costumo dizer para eles, façam de conta que vão soprar para apagar as velinhas em um bolo de aniversário. Fiquem soprando até sentirem que conseguirem controlar seus ímpetos e adquiriram serenidade suficiente para continuarem com suas atividades normais. Por aqui, também resolvi adotar a mesma técnica, quando vou adentrar uma sala de aula e pressinto que o ambiente está ‘carregado’, me pego soprando velinhas...

Resfolegou mais uma vez e adentrou a jaula para tentar controlar as feras...