É aqui e não lá: o amor
Quem muito tem certeza, pode-se duvidar. Nem toda verdade, é realmente precisa. Ainda mais, sabendo-se que a verdade do 'amor' não existe. Não que não exista, por si só. Falar isso é pouco. E pobre. O amor não existe, porque ele precisa ser inventado. Não é a zona do delírio que nos move. Embora, há mulheres e homens que cultivem, disfarçadamente um delírio de encontrar o Outro à qualquer custo. Inclusive, gastam toda sua energia, atrás da tão sonhada alma gêmea. Se a busca for obcecada, então o desejo é delirante.
No quesito amor, que precisa ser inventado, o componente delírio, ou melhor, Imaginário precisa comparecer. Sem ele, não há amor. O Imaginário é aquilo que se deseja; é aquilo que se fantasia em relação ao Outro. Pena, que precisamos ser crivados pela alma quebrada, via Simbólico, para entendermos que quem tudo quer nada acha. A procura vira delírio quando o componente simbólico é deixado de lado. Fica-se perdido, sozinho, atrás do Outro. Se a verdade puder ser dita agora, ela é: olhe no espelho e veja que o Outro não está lá, pura e simplesmente te esperando. O Outro está em você, que, às vezes, precisa renunciar a desejos infantis de achar aquela pessoa certa. Embora a pessoa certa não exista, deve-se cuidar de saber o que nos faz querer a tal pessoa. É "aqui" que deve se manifestar a fala; e não "lá" que se deve viver à custa.