O novo Maracanã

Fui ontem ao Maracanã após a reforma pela primeira vez. O estádio está lindo, igualzinho aos estádios em que ia na Europa. A perfeição começa ainda no lado de fora. Pessoas educadas me abordando oferecendo ajuda desde a saída do metrô, muita organização. A entrada tranquilíssima. Apresentei minha carteirinha de sócio-futebol com código de barras que foi lido pelo infravermelho da roleta novinha e entrei sem estresse. High tech. Lá dentro, rampas de acesso fáceis e inteligentes, boa sinalização, limpeza impecável nas áreas de passagem e banheiros. Sensacional.

Quando entrei, aquele impacto de luzes e modernidade. A arquibancada única mudou o ângulo de visão do espectador que, agora, pode ficar colado no campo para ver seu jogador favorito. Como na Europa. O sistema de som sem distorções e nítido. Os telões com zilhões de pixels e imagens perfeitas. Os anúncios das substituições e cartões acontecem quase imediatamente depois do lance. Cadeiras confortáveis e muita festa.

Então, de repente, me lembro que estou dentro do Maracanã. E me bate uma tristeza que tornam incontroláveis as lágrimas. Pois aquele não é mais o Maracanã. O Maracanã do maior do mundo, do chão tremendo, do ângulo perfeito, da geral, do zumbido constante não existe mais. O charme sumiu. Para mim particularmente, que sempre considerei o futebol como o que há de mais próximo a uma religião, o Maracanã era o único templo. O lugar que abrigava meu único sonho romântico: celebrar o amor tendo as traves do gol do Maracanã como altar.

Mas esse lugar acabou. Agora existe apenas na nossa memória. O novo Maracanã está aí para fazer parte das lembranças que ainda não existem de uma geração que começa. Só posso torcer para que venha a proporcionar emoções tão intensas a essa geração quanto às que sempre me proporcionou. Torço por isso como se estivesse dentro do Maracanã.