A BREVIDADE DA VIDA

Lúcio Anneo Sêneca (4 a.C. – 65 d.C. – Roma) foi um dos mais célebres advogados, escritores e intelectuais do Império Romano. Conhecido também como Séneca (ou Sêneca), o Moço, o Filósofo, ou ainda, o Jovem, sua obra literária e filosófica, tida como modelo do pensador estoico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da tragédia na dramaturgia europeia renascentista.
 
Uma das obras mais conhecidas de toda a antiguidade latina e de autoria de Sêneca chama-se Sobre a brevidade da vida. São cartas dirigidas a Paulino (cuja identidade é controversa), nas quais o sábio discorre sobre a natureza finita da vida humana. São desenvolvidos temas como a aprendizagem, amizade, livros e a morte, e, no correr das páginas, vão sendo apresentadas maneiras de prolongar a vida e livrá-la de mil futilidades que a perturbam sem, no entanto, enriquecê-la. Escritas há pelo menos dois mil anos, estas cartas compõem uma leitura inspiradora para todos os homens, a quem ajudam a avaliar o que é uma vida plenamente vivida.
 
Na Carta Número XI está um dos textos mais ácidos de Sêneca em relação à brevidade da vida e onde ele cutuca e ironiza as futilidades. Aqui reproduzo sua primeira parte.
 
  • Enfim, queres saber o pouco que vivem os ocupados? Vê o quanto eles desejam longamente viver. Velhos decrépitos mendigam com súplicas um prolongamento de poucos anos. Eles fingem ser mais novos do que realmente são, lisonjeiam a si próprios com mentiras e se enganam com prazer, como se pudessem iludir o destino. Mas, quando alguma doença lhes mostra a sua fragilidade, morrem amedrontados, como se não estivessem deixando a vida, mas ela estivesse sendo arrancada deles. Eles gritam que foram tolos por não terem vivido e que, se conseguirem escapar daquela doença, viverão no ócio. Então, pensam o quanto inutilmente se esforçaram para coisas que não aproveitaram, quão vãos foram todos os seus trabalhos.
 
Analisando este trecho da carta de Sêneca, vemos que qualquer semelhança com aqueles que vivem por aí dizendo não ter tempo para nada e ainda se achando o máximo por isso, não é pura e simples coincidência.
 
É um recado muito bem dado a essas pessoas, e eu acrescento que toda e qualquer soberba, por maior que seja, desaparece dentro de um hospital.
 
 
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