Estou ficando sem assunto

Estou ficando sem assunto. Há menos de um mês descobri este site. Fiquei feliz em saber que teria um lugar para publicar meus textos, uma escrivaninha só minha onde eu poderia falar de tudo aquilo que me aflige, me deixa contente, triste etc. Já no primeiro dia publiquei um texto. No segundo mais dois e assim por diante, em dez dias já estava com dez textos publicados. Achei o máximo.

Depois do último texto, dia cinco de abril, fiquei sem saber o que publicar. A idéia que eu tinha era a de escrever principalmente sobre uma desilusão amorosa, as idas e vindas da minha vida e um pouco do meu trabalho como professor universitário. Escrevi tudo em dez textos e pronto, acabou. Agora eu estou aqui no computador fazendo esta introdução, porém, sequer sei onde este texto vai chegar. Percebi que talvez eu tenha vivido muito pouco, bem abaixo do que eu imaginava quando me inscrevi neste espaço.

Sempre imaginei que eu poderia escrever alguma coisa toda semana. Realmente eu escrevi, e muito, nos meus tempos de estudante. Só que eu escrevi sobre Planos de Marketing, Estratégias de Mercado, Turismo, Hotelaria e muito mais. Agora, tendo este site à minha disposição, acabei ficando sem assunto por não mais querer escrever sobre coisas da minha profissão. Pelo menos não aqui. Creio que haverá leitores para estes tipos de textos, mas minha ambição foi deveras alta e acabei ficando deslumbrado achando que tinha muito assunto.

Outra coisa que descobri é que não sou bom em inventar histórias. Sempre acreditei que todos nós poderíamos ser um Gabriel García Márquez ou um Thomas Mann, mas me esqueci que estes dois gênios são o que são justamente por sua capacidade de inventar, ou alguém acha que existe a tal vila de Cem Anos de Solidão ou o sanatório da Montanha Mágica? Esse é meu problema: se não vier de dentro, não sai.

Outra coisa que descobri é que penso muito, mas nem sempre consigo traduzir estes pensamentos em palavras. Às vezes me pego divagando sobre um assunto qualquer e penso: “pôxa, isso vai dar um bom texto”. Ai, quando sento para escrever, a coisa não anda. Criei no meu notebook um espaço chamado “Textos do Recanto”. Dei uma olhada nele esses dias e vi que há muitos textos inacabados. Fiquei sem saber direito o que fazer com eles.

Entrei na minha escrivaninha esses dias para olhar os comentários recebidos pelas pessoas que lêem os meus textos. Muito legal aquilo. A Eliana de Freitas fez um comentário ótimo a respeito de um texto meu. Ai, para retribuir a gentileza, entrei no espaço dela e fui ler alguns de seus textos. Fiquei com vergonha dos meus. Como ela escreve bem. Talvez eu devesse largar mão disso. Outra pessoa que leu os meus textos e adorou foi a Comomilla. Ela fez um comentário ótimo. Depois de ler os textos dela, quase desisti de continuar escrevendo.

Pensei por alguns dias se deveria mesmo continuar aqui. Decidi que sim. Não que eu ache que meus textos vão fazer muita diferença, mas o fato é que preciso, de alguma forma, de um espaço só meu. E este espaço é meu, só meu. Talvez por ser o filho mais velho eu seja um pouco egoísta, e estando aqui neste cantinho eu possa vislumbrar um horizonte eu que eu faça a diferença mesmo.

Agora, o que é realmente imperdoável é a minha falta de assunto. Isso é terrível. Já ocupei quase duas laudas de texto só para poder explicar aos poucos leitores deste texto que estou meio paralisado. Claro que tenho outras coisas para fazer além de ficar escrevendo, mas será que estou assim tão sem idéia? Será que minha vida se resume a dez ou doze textos?

Não penso isso, não. Acho que vamos construindo nossos textos ao longo de nossa vida. Acho-me jovem demais para querer escrever capítulos que ainda vou viver. A vida ensina que os passos devem ser dados dia-após-dia e que não devemos atropelar nosso crescimento. Vou ficar aqui levando a vida e esperando poder contar mais histórias à medida que o tempo me permitir. Pode deixar que as compartilharei com todos vocês.

Gostaram da desculpa que inventei para acabar com a minha falta de assunto?