Por conseguinte

Por conseguinte

Não sei quem inventou a tal da eternidade.

Penso que deve ter sido por alguém que precisa/precisou de muiiiiiiiiito tempo para aprender a viver.

Pensar nessa eternidade é fazer com que tornemo-nos preguiçosos de vida.

Teremos tempo demais e tempo em exagero é perda de tempo.

Essa tal da eternidade é que estraga tudo.

O amor, por exemplo. As pessoas preferem se arrastar, viver de migalhas de sentimentos, a ter a punção e a explosão do momento. O amor é já. Buscar o infinito provoca deformidades e conformismo. Há que entender a plenitude, a profundidade, pois o que importa é a intensidade.

Imaginem uma viagem que nunca chega ao fim; maçante, não é? Assim é a eternidade. Um percurso com paradas para necessidades e com interesses em crescer diante de tudo e todas as criaturas. Só nós, humanos, necessitamos dessa tal eternidade.

Vivamos a vida e as suas aventuras e desventuras;

o momento é o agora e não o depois;

o amor é já;

há apenas o instante, de resto, tudo é resto;

além rima com aquém;

muito tempo não é tanto;

tudo não precisa de horas;

Certamente, a obrigação de esticar a vida com a eternidade acomoda-nos e nos dá a sensação de que podemos aprender a viver, homeopaticamente; mal sabemos que viver é obrigação de momento.

A eternidade não assegura a aprendizagem, talvez, quem sabe, seja uma reprovação. Alguns precisam de acreditar e necessitam crer nesse infinito de vida, dessa maneira, conformam-se com a vida que não viveu e, assim, terão a ilusão de ter uma segunda, terceira etc chances para aprender.

Tudo é tão óbvio e por conseguinte!

Preciso apenas de segundos e atalhos, a estrada sem destino me cansa, por isso, ou talvez, é que eu corro, desembestadamente, atrás de momentos e instantes e vivo o já, sempre.

Mário Paternostro