MEDO DE AMAR

Está cada vez mais comum, infelizmente, assistirmos via satélite ao vivo e em cores as desavenças afetivas entre jovens casais, quando constatamos claramente a falta de amor próprio, autoconfiança, respeito, medo da perda do ser amado, o que move a curiosidade da população e alavanca os índices de audiência das emissoras de televisão e, essa novela " reality show" geralmente tem um final trágico. A tônica central desse "reality show" é o medo de amar incondicionalmente, verdadeiramente, é o medo de ser "livre para o que der e vier, livre para sempre estar onde o justo estiver, o medo de amar é o medo de ser, de a todo momento escolher com acerto e decisão a melhor direção..." como dizem Beto Guedes e Fernando Brant numa música.

Na verdade O Medo de Amar é o título de um artigo do psiquiatra e palestrante Roberto Shinyashiki, originalmente publicado no site do jornal Tudo Bem, em 03 de maio de 2007, e, posteriormente, no blog do autor, onde com muita propriedade ele afirma que "todos os seres humanos possuem um grande objetivo na vida: viver em estado de pleno amor. Talvez poucas pessoas estejam conscientes da importância que o amor tem em sua existência. Alguns vivem o amor em sua plenitude pelo simples fato de dispor dele em abundância. Aprenderam a amar, a se entregar ao ser amado e a criar relacionamentos criativos".

Infelizmente, a realidade da maioria é o permanente estado de carência, de confusão emocional, de miséria afetiva - acrescenta Shinyashiki. As pessoas vivem em solidão, seja em um apartamento, num casamento sem amor, ou ainda em relações superficiais. O grande medo de amar do homem moderno é tão enorme quanto o medo de não ser amado. Quantas vezes ouvimos pessoas vivendo situações de ambivalência; ou seja, indagando-se insistentemente: devo amar ou não amar? Devo querer ou não querer alguém, mesmo que seja num relacionamento sem profundidade?

Num mundo tão materialista, muitos indivíduos sentem-se envergonhados de amar, como se fosse algo ridículo e tolo. E, no entanto, somos seres nascidos para o amor e, quando o negamos, estamos dizendo um não à nossa própria essência. E por que tantos negam o amor? Sabemos que amar alguém pode provocar uma sensação de fragilidade e dependência; a presença do outro se torna vital, e a possibilidade de ser abandonado fica tão ameaçadora que, em geral, as pessoas optam pela saída mais fácil: permanecer sozinhas (ou chamar a atenção via satélite, cometendo sequestros, violências).

Isso evidencia um dos grandes dilemas do ser humano: "queremos viver um grande amor, mas procurando o tempo todo destruí-lo”. Certamente, as tentativas de destruição não são totalmente deliberadas e planejadas, porém o que conta é o resultado final - conclui Shinyashiki, ainda acrescentando: "O medo de amar existe”. Esse medo faz com que as pessoas arrumem desculpas para explicar suas inseguranças. Ele faz parte da nossa vida. Negá-lo ou inventar respostas fáceis é o que menos resolve.

“O melhor, sem dúvida, é estar atento para esse medo, dar um mergulho na própria vida e perceber que, no fundo, quando alguém está decidido a ficar sozinho por medo de ser abandonado, não consegue mais enxergar o amor”.

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 20/10/2013
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