A espera de um milagre
Causa-me repugnancia a prepotência de não nos querer ouvir. Somos homens nascidos para vencer no século passado, alguns de nós suportaram duas grandes guerras mundiais, a de 1916 e 1946.
Suportamos modelos econômicos na segunda metade do século passado, a partir do pós guerra, sistemas políticos de governos de um país dos sonhos, almejados por mudanças e promessas, mas nossos sonhos acabaram.
Perdemos a guerra, as batalhas, os suores sacrificando pessoas e derramento de sangue em vão.
Vimos nossas feridas, os calos nas mãos, o esforço perdido, as perdas sem sentido, as mágoas sofridas, fracassamos nos nossos objetivos, o ideal não alcançado.
Tínhamos muitas certezas e esperanças de dar certo, em planos econômicos, adaptações a eles e aprofundamento das 'novas' regras impostas pelos governos de promessas. Planos plurianuais de investimentos, nos governos militares.
Confisco de bens e da nossa parca poupança. Ficamos mais pobres e o país verde-amarelo ficou mais rico. Trocamos vestes de um santo por outro, desnudamos, despimos e vestimos uma nudez escandalosa.
Lágrimas de tormento, apostamos nos mais jovens, investimos o que não tínhamos em Escolas, em educação profissional sobretudo de engenharia e medicina (saúde).
Sobressaíram-se os advogados, em causas que oneraram nossos cofres, nossa dívida dos tesouros estaduais ficaram impagáveis, a justiça nos tomou o que não tínhamos, ou o que sobrara, ficamos sem nada, sem trabalho, sem sombra, sem teto e moradias.
Hospitais sucateados, falta de leitos...
Nossa riqueza foi parar nas mãos e nas contas dos boleiros, dos traficantes e na rede de corruptores.
Não existiram culpados a não ser nós mesmos que acreditamos em mudanças e em pessoas que nos traíram, em partidos políticos criados para nos representar...enganos, fraudes.
Criaram movimentos, agremiações políticas de direita e de esquerda...fomos Penta campeões, construímos inúmeras arenas, somos o país do futebol, do carnaval de negros e indígenas traídos, explorados.
Os homens brancos falharam, os imigrantes e seus descendentes descumpriram seus importantes papéis. Criou-se a burrocracia, o sucateamento e o ócio tomou conta das nossas máquinas administrativas. Promoveu-se a incompetência.
Nossos anciãos, avós, pais, padrinhos que nos deram uma boa educação familiar, mas gastamos tudo em apostas que não vingaram.
Eles foram morrendo um a um e com eles nossos fundamentos baseados em glória e símbolos de uma pátria que se orgulhava de suas cores.
Nosso céu perdeu a cor, as estrelas o brilho...o exterior pareceu-nos um lugar melhor para viver. Nossas marcas e logotipos desfigurados sem cor e sem vida. Fomos desfalecendo pouco a pouco até entrarmos em coma profundo.
Nos transformamos em espetáculos de circos rotos, tendas trouxas e a ferrugem nas estruturas apodreceram nossas bases, o teto caiu, ruiu.
E não há mais lugares para os animais e os bichos foram extintos, sobraram apenas os gatos, cães e alguns aves famintas.
Nossa riqueza de produção, o vinho, o trigo, o milho e o café se transformaram em moedas de troca, desvalorizadas.
As tendências para a nossa economia são as piores, extintas as florestas restaram-nos os campos e o gado sedento morreu junto a seca. Deixaram de produzir o leite, nossos rios e oceanos poluídos peixes sem o devido oxigênio devido ao ar e água poluidos.
Haviam-nos dito que caso a guerra viesse e com ela a
destruição, as plantas e as flores renasceriam. Ficamos olhando vom extranha curiosidade aquele cenário cinzento e morto.
O avião se tornou arma, o automóvel sucateado, os navios naufragaram, os soldados sem quartéis.
Nossos canhões transportados para museus e vimos os nossos vizinhos embora pobres nos superarem. Ficamos perdidos, órfãos, sem pai e sem mãe, até nossos irmãos nos deram as costas.
Apostamos numa dígna aposentadoria que não chegou ao seu destino atualizados.
Agora, povo meu, só nos resta uma coisa, se o milagre chegar, chegará tarde, nossa nação sem soberania.
Apesar de tudo...somos o país da bola. Em 2014 quem sabe não levantaremos uma nova taça, a do Hexa?