Heroína

Eu sou minha própria heroína porque trago pesos, amarguras no peito e ninguém me ajudou a lidar com elas. Tive que aprender a colocar minhas dores no colo e balançar, até que elas dormissem. Algumas vezes consegui. Outras, não tive tanto êxito assim.

Todas as vezes que tropecei e ralei a alma, não esperei que alguém viesse com a cura para minhas feridas. Eu mesma me mediquei, com o melhor remédio de todos: paciência. Parei por um segundo e percebi que dali pra frente eu teria que buscar novos caminhos, andar com mais cuidado.

Quando quebrei minhas convicções em mil pedaços, tive que me manter firme, focada e disposta para recolher os cacos. Remodelei sonhos, remontei esperanças, colando tudo com atenção para que nada se partisse de novo, embora eu soubesse que isso aconteceria muitas vezes no decorrer da vida.

Se eu choro, eu o faço sozinha. Só eu sei o que me aperta aqui dentro e do que eu preciso para afrouxar o nó. Não dependo de ouvidos disponíveis para expulsar meus demônios. Trago gritos no peito, desaforos nunca verbalizados na mente. Uso o espelho para entoar minhas fragilidades, pelo menos sei que ele não se aproveitará delas para massacrar meu ego.

Para meus erros, reflexão e mudança. Nada de tapar o sol com a peneira, nem usar paliativos. Quando o leite derrama, não me resta outra alternativa a não ser secar a burrice. Aprendi que reclamar não adianta. Sofrer, menos. O que resolve é a força de vontade para fazer tudo diferente e melhor.

Sou meu próprio mártir, que fica em prantos, se faz de vítima, se joga no fundo do poço e que precisa de algumas horas de fossa sentimental. Então, faço ressurgir a heroína, que se abraça, se perdoa, seca as próprias lágrimas, emerge e parte para a luta. Que redesenha estradas e refaz planos, mas que compreende que lá na frente pode existir o não como resposta e está preparada pro que der e vier.

Porque se não for humano, eu não quero. Se vier para ser metade, pedaço, hora contada, dispenso. Se o ombro for provisório inquieto, falso e vaidoso, eu não preciso.

Para mim, vale a lei da verdade, da força e do amor. Meu lema é o mais simples, o mais universal também.

E, se ninguém tem olhos demorados para me ver, para me procurar, eu mesmo faço isso por mim.

Sou minha caça e minha própria caçadora. A fome e a vontade de comer as oportunidades de evolução.

ARYANE SILVA
Enviado por ARYANE SILVA em 24/10/2013
Código do texto: T4540088
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