O verdadeiro significado do escrever em minha existência:

desde que aprendi a ler e escrever as primeiras palavras, já percebi que abria-se diante dos meus olhos uma larga porta para paraísos incontáveis

que me trariam alívio refrigerador sobre as agruras da vida-deserto.

Comecei aos nove, dez anos a colocar ideia no papel.

Geralmente escrevia 'diários' e fiz isso até meus vinte e poucos anos.

Joguei todos fora! Pena... Provavelmente eu teria muita coisa interessante a ser relembrada e que minha memória já fez adormecer no

tempo. De algumas coisas ainda lembro bem, as que foram realmente marcantes. Lembro com muito carinho a minha primeira paixão inconfessável e platônica por um menino lindo.

Seu nome era Renato, tínhamos ambos uns 10 ou 11 anos e ele jamais soube do meu inocente sentimento. Na época da minha infância, onde eu vivia, as crianças costumavam ser realmente crianças, não era como hoje que crianças de 12 anos 'sabem onde o cão se esconde' como costumo dizer brincando seriamente.Acredito que toda criança tem por volta dessa idade uma paixãozinha... A minha era algo lindo, aquele menino era meu sonho, um amor platônico que o tempo apagou mas nunca esqueci. Não é que ainda sinta algo em sentido romântico, nem sei como deve estar aquele menino, mas provavelmente casou-se, tem sua família como eu tenho a minha e a amo, e com certeza nem deve lembrar que eu existi. Eu ainda lembro dele, mas tenho absoluta certeza de que se nós víssemos hoje, não despertaria em mim nada mais do que a lembrança do menino lindinho que amei em segredo e de forma tão pura.Com certeza deve ter mudado muito! Deve ter suas alegrias e dores como eu tenho as minhas, mas não esqueço como era lindo as vezes que brincamos de roubar goiaba no vizinho com a turma de primos na cidade onde minha tia morava e para onde eu sempre ia. Lembro também da primeira vez que me apaixonei de verdade desenvolvendo um fascínio por uma pessoa e dessa vez não foi platônico, foi algo mais real

porque eu já era uma jovem de 15 anos e essa paixão durou uns 5 anos.

Cheguei a namorar essa pessoa, 10 anos mais velho que eu, sonhei em casar-me com o dito cujo, até descobrir que ele jamais seria o cônjuge confiável que eu tanto sonhava. A fidelidade e amor era unilateral, quanto a ele prezava algo que eu não estava preparada para prover-lhe

porque jamais desejei o papel de amante. Eu só queria ser uma mulher de verdade quando me casasse com um amor de verdade, que prezasse os mesmos valores que eu, não era o caso dessa pessoa, embora me respeitasse muito! Casei-me aos 20 anos, e nessa fase eu ainda mantinha parte da menina que fui, escrevia ainda meus diários para aliviar as frustrações da vida, as desilusões... Tantas dessas coisas registrei por escrito, muitas vezes em poesia mas depois que perderam a grande importância que tinham, descartei.A vida seguiu em frente, e eu continuo escrevendo, não diários, mas quase diariamente. Escrever me faz aliviar os pesos da alma e geralmente após uma escrita me sinto aliviada. Não penso tanto em ser lida, quando me satisfaço com o que escrevi já cumpriu seu papel, mas claro, aprecio a leitura e talvez a possibilidade do que escrevi ajudar alguém em algum momento...

Escrever me ajudou muito quando perdi minha mãe para esse inimigo implacável, a morte. Acho que foi quando mais escrevi aqui nesse site e me ajudou muito mesmo.Agora a dor é uma saudade que de vez em quando aperta-me a alma, de uma forma bem dolorosa...

Já se foram mais de três anos desde que ela dormiu e eu mantenho a esperança segura de que um dia Deus nos permitirá um encontro na ressurreição, onde poderemos nos curar de todas as dores de sermos mãe e filha. Quanta saudade! Quanta tristeza! Quanta coisa a ser corrigida e perdoada... Agora só me resta esperar o tempo em que Jeová Deus por meio de cristo, chamará os que estão nos túmulos memoriais e estes ouvirão a sua voz e sairão para uma ressurreição...

De vida, nunca de condenação; mas realmente de uma nova possibilidade de escolher entre a vida eterna ou a inexistência.

(João 5:28, 28) Que alegria será para a humanidade essa época feliz! Nunca mais mortes e sim renascimentos! Espero que Deus me permita acolher minha mãe para retomarmos e corrigirmos as coisas necessárias

para sermos mãe e filhas de fato amorosas! Estou hoje três vezes mais leve depois do meu terceiro ato de escrita. Estou satisfeita.