A VIDA EM QUADROS (1)
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A porta para o jardim estava aberta e se via por entre sombras e luzes, lá fora, um beija-flor roubando a doçura da rosa, eu sentada, ainda, à mesa do café da manhã, roubava a beleza daquele instante, quando outra porta se abriu, estrondosamente, João, correndo, às gargalhadas, fugia, com suas curtas perninhas, do momento do banho. Sem me mover ou falar qualquer coisa, acompanhava, sorrindo, a ingenuidade daquele outro instante da vida, mais um que, certamente, me faria sorrir no silêncio da velhice, quando apenas as lembranças felizes são nossas verdadeiras companheiras.
Amélia de Morais.